“Então os vossos sobreviventes no meio das nações por onde tiverem sido levados cativos — quando eu tiver quebrado o seu coração prostituído que me abandonara, e os seus olhos prostituídos com ídolos imundos — se lembrarão de mim. Sentirão asco de si mesmos pelo mal que fizeram, por todas as suas abominações.” (Ezequiel 6:9 – Versão Católica: A Bíblia de Jerusalém)
Nesta passagem do profeta Ezequiel temos uma clara descrição do que é a idolatria. O texto nos mostra que “idolatrar” é inicialmente uma inclinação do coração – o qual expressa-se no termo “coração prostituído”. Daqui surge a disposição para feitura de imagens, que é tão-somente uma representação externa que o religioso possui no íntimo do seu ser. Daí o Senhor Jesus fazer a comparação dos “dois senhores” no Evangelho:
“Ninguém pode servir a dois senhores. Com efeito, ou odiará um e amará o outro, ou se apegará ao primeiro e desprezará o segundo. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro.” (Mateus 6:24 – Bíblia de Jerusalém)
Ninguém cultua diretamente o dinheiro, não ora para ele, nem lhe ergue altares ou templos; porém, o simples lugar que esse ocupa na mente e no coração do devoto, atribuindo-lhe segurança, estabilidade e satisfação já o faz pecar diante de Deus, tornando-o idólatra. Assim é o que ocorre no procedimento de culto do fiel católico com seus santos, anjos e a virgem Maria. Mesmo que imagens, altares e templos sejam tão-somente representações dos tais, a idolatria está disposta no interior do beato.
Segundo a Enciclopédia Católica Popular, idolatria:
“É o culto (somente devido ao Deus único e verdadeiro) prestado a forças da natureza (astros, árvores, animais, fogo…) ou a ídolos fabricados pelo homem, tidos como divindades ou sua representação (politeísmo pagão). São práticas idolátricas o satanismo, a magia, a feitiçaria, a superstição. Tem também o seu quê de idolátrico o culto exagerado do dinheiro, do poder, do prazer, da raça, do Estado… Todas as formas de idolatria. Constituem pecados contra a virtude da religião, e vão contra o 1.º Mandamento da Lei de Deus.” (http://www.ecclesia.pt/catolicopedia - Verbete: Idolatria)
Já a grande Enciclopédia Católica se refere de forma mais enfática:
“Etimologicamente Idolatria indica o culto Divino dado a uma imagem, mas a sua significação foi estendida para todo culto Divino dado a qualquer pessoa ou qualquer coisa...” São Tomas (Summa Theol., II-II, q. xciv) trata isso como uma espécie do gênero de superstição , que é um vício oposto à virtude da religião e consiste em dar honra Divina ( culto ) para coisas que não são Deus, ou para Deus a Si mesmo por caminho errado. A impressão específica de idolatria é a sua oposição direta ao objeto primário do Divino culto; ela confere a uma criatura a reverência devida somente a Deus.” (http://www.newadvent.org/cathen/07636a.htm - Verbete: Idolatry)
Vemos que a Bíblia vai muito mais além da declaração do catolicismo romano, que expressa tão somente a inclinação exterior. Como ressaltei expondo Ezequiel, idolatria é uma tendência interna. Por isso o próprio Deus torna a declarar ao profeta:
“Quanto àqueles cujo coração se entrega a um culto detestável e a abominações, farei cair sobre as suas cabeças o seu pecado, oráculo do Senhor Iahweh. “ (Ezequiel 11:21 – Bíblia de Jerusalém).
É do coração que brota os maus desígnios, afirma o Senhor:
“Com efeito, é de dentro, do coração dos homens que saem as intenções malignas: prostituições, roubos, assassinos, adultérios, ambições desmedida, maldades, malícia, devassidão, inveja, difamação, arrogância, insensatez. Todas essas coisas más saem de dentro do homem e o torna impuro” (Marcos 7:21-23 – Bíblia de Jerusalém)
Quero ressaltar que, a feitura de imagens, mesmo que representem o Deus verdadeiro é idolatria. Por isso o próprio Senhor exclamou:
“Ficai muito atentos a vós mesmos! Uma vez que nenhuma forma vistes no dia em que Iahweh vos falou no Horeb, do meio do fogo...” (Deuteronômio 4:15 – Bíblia de Jerusalém)
Essa passagem extingue qualquer tipo de pensamento e filosofias que ensinam ser imagens somente representações do que é cultuado. Se Deus vetou imagens dele, quem dirá de suas criaturas – tal como apresentei acima. O culto religioso correto é o que a Bíblia nos apresenta do início ao fim, como o Senhor Jesus confirmou:
“Replicou-lhe Jesus: "Está escrito: Adorarás ao Senhor teu Deus, e só a ele prestarás culto". (Lucas 4:8 – Bíblia de Jerusalém)
Rômulo Lima
(Acadêmico em Teologia e Apologética Aplicada)
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