“Mas vós vos aproximastes do monte Sião e da Cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e de milhões de anjos reunidos em festa, e da assembleia dos primogênitos cujos nomes estão inscritos nos céus, e de Deus, o Juiz de todos, e dos espíritos dos justos que chegaram à perfeição...” (Hebreus 12:22-23 – Versão Católica: A Bíblia de Jerusalém)
A Igreja Católica Romana doutrina seus fieis com a ideia de que, ela é a única “igreja verdadeira”, fundada por Cristo. Apesar da Escritura Sagrada nunca declarar a fundação da Igreja Católica Apostólica Romana. Mas ela ensina veementemente tal doutrina. Vejamos a posição oficial romana no Catecismo:
"Esta é a única Igreja de Cristo que no Símbolo confessamos una, santa, católica e apostólica." (Catecismo da Igreja Católica, Parágrafo 811)
"A única Igreja de Cristo (...) é aquela que nosso Salvador depois de sua Ressurreição, entregou a Pedro para que fosse seu pastor e confiou a ele e aos demais Apóstolos para propagá-la e regê-la... Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como uma sociedade, subsiste na ( "subsistit in") Igreja Católica governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele.” (Catecismo da Igreja Católica, Parágrafo 816)
Fazendo referência unicamente a si à Igreja Católica se pronuncia da seguinte forma no mesmo Catecismo: "Na realidade, nesta una e única Igreja de Deus..." (Catecismo da Igreja Católica, Parágrafo 817)
“A palavra "católico" significa "universal" no sentido de segundo a totalidade" ou "segundo a integralidade". A Igreja é católica em duplo sentido. Ela é católica porque nela Cristo está presente. "Onde está Cristo Jesus, está a Igreja católica." Nela subsiste a plenitude do Corpo de Cristo unido à sua Cabeça o que implica que ela recebe dele "a plenitude dos meios de salvação" que ele quis: confissão de fé correta e completa, vida sacramental integral e ministério ordenado na sucessão apostólica. Neste sentido fundamental, a Igreja era católica no dia de Pentecostes e o será sempre, até o dia da Parusia.” (Catecismo da Igreja Católica, Parágrafo 830)
Porém não é somente no Catecismo que podemos encontrar esse pensamento. O Frei Battistini disse: “Se você pertence à única e verdadeira Igreja de Jesus, a Igreja Católica, sinta-se feliz e agradeça a Deus...” (A Igreja do Deus Vivo, página 46, 33ª Edição, 2001, Editora Vozes).
Na obra intitulada Os Erros ou Males Principais dos Crentes ou Protestantes, 7ª edição, editado pela editora O Lutador, sob o "imprimatur" do Monsenhor Aristides Rocha, afirma-se na página 4 que antes dos protestantes “existiam apenas católicos romanos, os genuínos cristãos do único e verdadeiro Cristianismo”. A citação desta obra é uma grande inverdade!
A possibilidade de delinear uma fronteira no tempo que volte ao passado até a “primeira igreja” através da “sucessão apostólica” é um argumento usado por várias igrejas diferentes para afirmar que sua igreja é “a única igreja verdadeira”. A Igreja Católica Romana faz tal alegação; a Igreja Ortodoxa Grega faz esta alegação; algumas denominações pseudocristãs (Adventistas, Testemunhas-de-Jeová, Mórmons, etc.) fazem esta alegação. Como saberemos qual igreja é a primeira e verdadeira? A resposta Bíblica é: a Igreja Primitiva ou Apostólica.
A Igreja primária, seu desenvolvimento, ensinamentos e métodos constituem-se historiadas para nós no Novo Testamento. Jesus assim como Seus apóstolos previram que falsos mestres se levantariam. E sim, é visível em algumas epístolas do Novo Testamento que estes apóstolos tiveram que lutar contra falsos mestres ainda no passado. Possuir uma estirpe de sucessão apostólica ou ser capaz de encontrar as raízes de uma igreja no passado, na “primeira igreja”, não é algo que esteja dito em lugar algum da Escritura como um teste para ser a verdadeira Igreja. Mas a Escritura registra repetidas comparações entre o que um falso mestre ensina e o que a primeira Igreja (verdadeiramente Apostólica) ensinava. Se uma igreja é a “igreja verdadeira” ou não, é determinado se compararmos seus ensinamentos e práticas com os da Igreja do Novo Testamento.
Exibir-se como a “única Igreja de Cristo” é uma das particularidades das seitas; logo, nenhuma Igreja realmente cristã prega isso. O porquê disso é que sabemos que a única e verdadeira Igreja não está no país tal, Estado tal, bairro tal, rua tal, número tal, pois a mesma é o conjunto dos redimidos pelo sangue de Jesus, e não os adeptos de uma certa associação.
Por exemplo. No Livro de Atos, o apóstolo Paulo tem uma oportunidade de falar aos líderes da igreja na grande cidade de Éfeso uma última vez, face a face. Nesta passagem, ele os adverte que falsos mestres não somente surgirão entre eles, mas também DENTRE eles. Com uma ênfase nos contextos analisados em negrito e sublinhado, vamos ao texto :
“De Mileto, mandou emissários a Éfeso para chamarem os anciãos daquela igreja. Quando chegaram, assim lhes falou: "Vós bem sabeis como procedi para convosco todo o tempo, desde o primeiro dia em que cheguei à Ásia. Eu servi ao Senhor com toda a humildade, com lágrimas, e no meio das provações que me sobrevieram pelas ciladas dos judeus. E nada do que vos pudesse ser útil eu negligenciei de anunciar-vos e ensinar-vos, em público e pelas casas, conjurando judeus e gregos ao arrependimento diante de Deus e à fé em Jesus, nosso Senhor. Agora, acorrentado pelo Espírito, dirijo-me a Jerusalém, sem saber o que lá me sucederá. Senão que, de cidade em cidade, o Espírito Santo me adverte dizendo que me aguardam cadeias e tribulações. Mas de forma alguma considero minha vida preciosa a mim mesmo, " contanto que leve a bom termo a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus: dar testemunho do Evangelho da graça de Deus. Agora, porém, estou certo de que não mais vereis minha face, vós todos entre os quais passei proclamando o Reino. Eis porque eu o atesto, hoje, diante de vós: estou puro do sangue de todos, pois não me esquivei de vos anunciar todo o desígnio de Deus para vós. Estai atentos a vós mesmos e a todo o rebanho: nele o Espírito Santo vos constituiu guardiães, para apascentardes a Igreja de Deus, que ele adquiriu para si pelo sangue do seu próprio Filho. Bem sei que, depois de minha partida, introduzir-se-ão entre vós lobos vorazes que não pouparão o rebanho. Mesmo do meio de vós surgirão alguns falando coisas pervertidas, para arrastarem atrás de si os discípulos. Vigiai, portanto, lembrados de que, durante três anos, dia e noite, não cessei de exortar com lágrimas a cada um de vós. Agora, pois, recomendo-vos a Deus e à palavra de sua graça, que tem o poder de edificar e de vos dar a herança entre todos os santificados. De resto, não cobicei prata, ouro, ou vestes de ninguém: vós mesmos sabeis que, às minhas precisões e às de meus companheiros, proveram estas mãos. Em tudo vos mostrei que é afadigando-nos assim que devemos ajudar os fracos, tendo presentes as palavras do Senhor Jesus, que disse: 'Há mais felicidade em dar que em receber'". Após estas palavras, ajoelhou-se, e orou com todos eles. Todos, então, prorromperam num choro convulsivo. E, lançando-se ao pescoço de Paulo, beijavam-no, veementemente aflitos, sobretudo pela palavra que dissera: que não mais haveriam de ver a sua face. E acompanharam-no até ao navio.” (Atos 20:17-38 – Versão Católica: A Bíblia de Jerusalém)
No texto acima vemos que, Paulo, não expressa o ensino de que eles deveriam seguir a “primeira” igreja organizada como segurança para a verdade, mas ele os encomenda à segurança de “Deus e à palavra de Sua graça”. Por esta razão, a verdade poderia ser determinada ao se depender de Deus e da “palavra de Sua graça”, ou seja, a Escritura; e, ainda alerta diretamente contra os “lobos vorazes”.
O ex-padre e Drº Aníbal Pereira Reis confessou que após entregar-se a Cristo, permaneceu na Igreja Católica por mais de três anos, mostrando a todos os católicos (leigos e clérigos) que o Catolicismo não é Bíblico. Logo, ele tornou-se membro da única e verdadeira Igreja de Cristo três anos antes de vincular-se fisicamente a uma Igreja Evangélica (a saber, os Batistas Tradicionais). Essa vaidade dos papas de alegarem que o seu grupo é a única Igreja de Cristo, não encontra lugar entre os membros da Igreja do Senhor Jesus.
O Novo Testamento registra a história da igreja desde perto de 30 d.C. a aproximadamente 90 d.C. No segundo, terceiro e quarto séculos, a história registra várias doutrinas e práticas Católicas Romanas surgindo entre os cristãos. Não é lógico que fosse mais provável que os cristãos primitivos entendessem o que os apóstolos queriam realmente dizer? Sim, é lógico, mas há um problema. Os cristãos do segundo, terceiro e quarto séculos não eram realmente os primeiros. Repetimos, o Novo Testamento registra a doutrina e prática dos primeiros cristãos. E, o Novo Testamento não ensina o Catolicismo Romano. Qual é a explicação para que a igreja do segundo, terceiro e quarto séculos tivesse começado a mostrar sinais do Catolicismo Romano?
A resposta é simples: a igreja do segundo e terceiro séculos não possuía o Novo Testamento completo. As igrejas tinham partes do Novo Testamento, mas o Novo Testamento (e a Bíblia completa) não estava comumente disponível até depois da invenção da imprensa em 1440 d.C. A igreja primitiva fez o melhor que pode em passar adiante os ensinamentos dos apóstolos através da tradição oral, e através de uma disponibilidade extremamente limitada da Palavra na forma escrita. Ao mesmo tempo, é fácil ver como as falsas doutrinas puderam se infiltrar em uma igreja que tinha acesso apenas ao Livro de Gálatas, por exemplo. É muito interessante observar que “A Reforma Protestante” se seguiu logo depois à invenção da imprensa e tradução da Bíblia nas linguagens comuns às pessoas. Uma vez que as pessoas começaram a estudar a Bíblia por si mesma, tornou-se muito claro quão longe a Igreja Católica Romana tinha se afastado da Igreja descrita no Novo Testamento.
As Escrituras nunca mencionam “que igreja veio primeiro” como a base para determinar qual a “verdadeira” igreja. O que elas ensinam é que se devemos usar a Escritura como o fator determinante para sabermos qual igreja está pregando a verdade e desta forma é fiel à primeira igreja. É especialmente importante comparar a Escritura com os ensinamentos de uma igreja em termos dos assuntos centrais, como a total divindade e humanidade de Cristo, a expiação pelo pecado através de Seu sangue no Calvário, a salvação do pecado pela graça por meio da fé e a infalibilidade da Escritura. A “primeira igreja” está registrada no Novo Testamento. Esta é a igreja que todas as outras igrejas devem seguir, tentar igualar-se e ter como modelo. Entretanto, mesmo tendo templos físicos, a Igreja em si não é denominacional como relatou o apóstolo João. Vejamos:
“Vi então um céu novo e uma nova terra — pois o primeiro céu e a primeira terra se foram, e o mar já não existe. Vi também descer do céu, de junto de Deus, a Cidade santa, uma Jerusalém nova, pronta como uma esposa que se enfeitou para seu marido. Nisto ouvi uma voz forte que, do trono, dizia: “Eis a tenda de Deus com os homens”. Ele habitará com eles; eles serão o seu povo, e ele, Deus-com-eles, será o seu Deus. Ele enxugará toda lágrima dos seus olhos, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem clamor, e nem dor haverá mais. Sim! As coisas antigas se foram!" O que está sentado no trono declarou então: "Eis que eu faço novas todas às coisas". E continuou: "Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras". Disse-me ainda: "Elas se realizaram! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim; e a quem tem sede eu darei gratuitamente da fonte de água viva. O vencedor receberá esta herança, e eu serei seu Deus e ele será meu filho.” (Apocalipse 21:1-7 – Versão Católica: A Bíblia de Jerusalém)
A Verdadeira Igreja de Cristo é Celeste e Maravilhosa!!!
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por mais que existam igrejas (congregações e templos), elas representam somente a assembleia visível de cristãos. Há a Igreja dentro da igreja, ou seja, a determinação de membros da verdadeira, santa e imaculada Igreja que está no céu. Eu posso nascer numa igreja (numa determinada religião), ter toda minha vida voltada para essa igreja e não pertencer a verdadeira Igreja: Os salvos inscritos no Livro da Vida do Cordeiro:
“Nela jamais entrará algo de imundo, e nem os que praticam abominação e mentira. Entrarão somente os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro.” (Apocalipse 21:27 – Versão Católica: A Bíblia de Jerusalém)
É nessa Igreja que devemos nos gloriar e almejar sermos membros constantemente:
“Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos ansiosamente como Salvador o Senhor Jesus Cristo...” (Filipenses 3:20 – Versão Católica: A Bíblia de Jerusalém)
“O Senhor me libertará de toda obra maligna e me levará salvo para o seu Reino celeste. A ele a glória pelos séculos dos séculos! Amém!" (2 Timóteo 4:18 – Versão Católica: A Bíblia de Jerusalém)
“Pois esperava a cidade que tem fundamentos, cujo arquiteto e construtor é o próprio Deus.” (Hebreus 11:10 – Versão Católica: A Bíblia de Jerusalém)
“Eles aspiram, com efeito, a uma pátria melhor, isto é, a uma pátria celestial. É por isso que Deus não se envergonha de ser chamado o seu Deus. Pois, de fato, preparou-lhes uma cidade.” (Hebreus 11:16 – Versão Católica: A Bíblia de Jerusalém)
“Porque não temos aqui cidade permanente, mas estamos à procura da cidade que está para vir.” (Hebreus 13:14 – Versão Católica: A Bíblia de Jerusalém)
“Em minha visão ouvi ainda o clamor de uma multidão de anjos que circundavam o trono, os Seres vivos e os Anciãos — seu número era de milhões de milhões e milhares de milhares...” (Apocalipse 5:11 – Versão Católica: A Bíblia de Jerusalém)
“Tive depois esta visão: eis que o Cordeiro estava de pé sobre o monte Sião com os cento e quarenta e quatro mil que traziam escrito sobre a fronte o nome dele e o nome de seu Pai” (Apocalipse 14:1 – Versão Católica: A Bíblia de Jerusalém)
Rômulo Lima
(Acadêmico em Teologia e Apologética Aplicada)
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