sexta-feira, 21 de agosto de 2015

AS CHAVES DO REINO DOS CÉUS (Rápida análise de Mateus 16:19)


Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus.” (Mateus 16:19 – Bíblia de Jerusalém)

Esse é um dos versos que também gera grande confusão. O texto é interpretado de uma forma totalmente romântica pelo Catolicismo Romano. Tal religião parece não conhecer a fraseologia da época, o tipo de linguagem figurada que era comum entre os judeus. A instituição interpreta a passagem de modo que as chaves dadas a Simão Pedro seriam chaves literais; e, este (e seus sucessores) teriam então poder de abrir as portas dos céus para os católicos, e, consecutivamente fechá-las para aqueles que não crerem na instituição. 

Somente Simão, a quem deu o nome de Pedro, o Senhor constituiu em pedra de sua Igreja. Entregou-lhe as chaves da mesma, instituiu-o pastor de todo o rebanho.” (Catecismo da Igreja Católica, Parágrafo 881)

O clero Romanista doutrina seus leigos fieis com a ideia de que Senhor Jesus conferiu as chaves do reino dos céus (literais) a Simão Pedro. Há um detalhe importantíssimo.  Tal instrução exagera e confunde o termo. Uma heterodoxia pode ser um excesso da verdade.  O Senhor Jesus verdadeiramente apresentou as chaves do reino dos céus a Simão Pedro, aos demais apóstolos e a igreja (a congregação dos santos) juntamente com aquele. 

Se não te ouvir, porém, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda questão seja decidida pela palavra de duas ou três testemunhas. Caso não lhes der ouvido, dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja der ouvido, trata-o como o gentio ou o publicano. Em verdade vos digo: tudo quanto ligardes na terra será ligado no céu e tudo quanto desligardes na terra será desligado no céu. “ (Mateus 18:16-18 – Bíblia de Jerusalém). 

Com esta figura de linguagem usada pelo Senhor, a Igreja Católica abrange “chaves do reino dos céus” de um modo completamente diferente da que Jesus apresentou. No estandarte do Estado do Vaticano – sua bandeira - contém a grande prova de um desacerto. A figura indicativa de duas chaves cruzadas. 

Enfim, qual o real significado da fraseologia usada por Cristo Jesus ao entregar as chaves para Simão Pedro?

Notemos o texto: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus...” Sempre devemos interpretar passagens como estas com a luz dos contextos imediatos e remotos:  “...e o que ligares na terra será ligado nos céus.” As chaves entregues pelo Senhor Jesus a Simão Pedro foi entregue aos demais apóstolos: 

Em verdade vos digo: tudo quanto ligardes na terra será ligado no céu e tudo quanto desligardes na terra será desligado no céu. “ (Mateus 18:18 – Bíblia de Jerusalém).  

Isso significa que eles teriam a qualificação. Teriam as “chaves do conhecimento do Evangelho”. O conhecimento dos meios salvíficos de Deus que antes competiam aos Judeus, os quais faziam mau uso, fechando o reino de Deus aos homens com seu LEGALISMO E TRADIÇÕES:

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque bloqueais o Reino dos Céus diante dos homens! Pois vós mesmos não entrais, nem deixais entrar os que querem fazê-lo!” (Mateus 23:13 – Bíblia de Jerusalém) 

Com a mensagem cristã entregue aos discípulos, se estes propagassem o reto cristianismo, legitimamente, ligariam o reino dos céus aos que o recebessem. Essa é a interpretação correta que os contextos apoiam. Isso é o que o Senhor Jesus disse na linguagem da época no termo “ligares na terra e nos céus”. As expressões “ligar” e “desligar” eram comuns na fenomenologia linguística da cultura judaica e significam “declarar proibido” ou “declarar permitido”.

Podemos ver claramente que a verdadeira autoridade Salvífica pertence a Cristo. Basta analisarmos o contexto remoto. É afirmado pela Bíblia que somente Cristo Jesus possui  a chave de Davi. Vejamos:

Ao Anjo da Igreja em Filadélfia, escreve: Assim diz o Santo, o Verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, o que abre e ninguém mais fecha, e fechando, ninguém mais abre.  (Apocalipse 3:7 – Bíblia de Jerusalém). 

Assim sendo, instruir os fieis que as chaves dos céus são chaves literais, e que pertencem somente a Pedro (e seus sucessores) insinuando autoridade sobre quem adentra e quem estará de fora, é um total contrassenso no contexto Bíblico.

Um verso tomado isoladamente cria muitas interpretações heterodoxas como estas. A metáfora das “chaves dos céus” especifica como os apóstolos receberam o Evangelho diretamente, e, foi-lhes dado o poder de ligar e desligar, ou as "chaves" que fecham e abrem portas. Os apóstolos abrem o reino àqueles que compartilham da confissão de Pedro e excluem aqueles que não recebem o seu testemunho a respeito de Cristo. Através deles o Senhor Jesus revela sua própria palavra de autoridade do reino. 

O fundamento apostólico da igreja repousa sobre a Palavra escrita de Deus, a Bíblia, que são agora as chaves da autoridade de Cristo na igreja através do poder do Espírito Santo, solidificando cada cristão:

Estais edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, do qual é Cristo Jesus a pedra angular. Nele bem articulado, todo o edifício se ergue em santuário sagrado, no Senhor, e vós, também, nele sois co-edificados para serdes uma habitação de Deus, no Espírito.” (Efésios 2:20-22 – Bíblia de Jerusalém) 

Em Cristo 

Rômulo Lima
(Acadêmico em Teologia e Apologética Aplicada)

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