sábado, 31 de outubro de 2015

A REFORMA FOI UM MOVIMENTO DE CUNHO PESSOAL?


 E que pela Lei ninguém se justifica diante de Deus é evidente, pois o justo viverá pela fé.” (Gálatas 3:11 – Bíblia de Jerusalém)

O grande cisma da Idade Média ocorreu devido a uma contenda entre Lutero e os pregadores de indulgência. Na Idade Média, a Igreja católica vendia Indulgências, dizendo que se podia comprar um "lugarzinho no céu", ou então para livrar a alma do purgatório, e as pessoas - sem discernimento disso – aceitavam tal ensinamento, pensando que de fato podiam estar comprando um lugar no céu, o que rendia à Igreja católica um grande capital.
Eram negociados pedaços da cruz de Cristo (dizem que eram tantos que dava até para construir um navio); vendiam-se os ossos dos dedos de João Batista (que certamente sofria de alguma anomalia pela grande quantidade de dedos que vendiam dele); leite do seio da Virgem (ainda morno); espinhos da coroa de Cristo (tantos quanto um campo de Zizyphus-spnai-cristi [Espinheiro de Cristo Sírio] uma planta comum na Palestina e nas proximidades do Gólgota nos tempos Bíblicos); os pregos que o cravaram (davam para pregar os pedaços da cruz e fixar o navio); Enfim, enganavam o povo que acreditava que, pelas obras e pelo imenso fetichismo, seriam justificados perante Deus.
Muitos monges chegavam até a se autoflagelar (pratica ainda corrente entre fieis em alguns países católicos), e muitos entravam em penitência para alcançar a Justificação divina quando, na verdade, “o justo viverá pela fé”, como vocifera o texto Bíblico.
A maioria dos católicos alega que o monge agostiniano Martinho Lutero era, e é, um herege. Que foi pelos próprios motivos que criou tal contenda. Alegam que Leão X era um homem honesto. Que sua intenção era tão-somente dar sustentabilidade financeira ao catolicismo e que Roma nunca pregou indulgências. Tanto é que Lutero não atacou diretamente o "santo padre", mas foi respeitoso com o grau hierárquico em suas 95 teses.
Realmente Lutero escreveu suas 95 e as dedicou a Leão X por acreditar que este era inocente do exagero dos pregadores Romanistas. Mas venhamos e convenhamos! A declaração de heresia é falsa. A honestidade de Leão X, também. Tal pensamento reflete somente os óculos da cosmovisão católica; da cosmovisão guiada pela religião, ou seja, as rédeas com as quais a instituição dirige os seus fieis.
A declaração de que a igreja católica NUNCA VENDEU INDULGÊNCIA é demasiadamente aleivosa. Qualquer historiador sincero contestará isso. A Idade Média sempre viveu em um regime estamental. O clero alegava que Deus determinara o destino de todo mundo e quem nascesse camponês, pobre, analfabeto e moribundo sempre estaria nessa condição.
O sistema social da época era como um sistema de castas hindu, onde o clero e a nobreza estavam acima de todos. As indulgências mantinham a igreja; a venda de relíquias; e a venda de perdão com comprovante era disseminada por toda Europa; e, o "santo papa", Leão X, era um gastador demasiado. A própria enciclopédia católica afirma isso:
"Ele não deu atenção para os perigos que ameaçavam o papado, e entregou-se desenfreadamente para diversões, que foram fornecidas em abundância pródiga. Ele estava possuído por um insaciável amor pelo prazer, esse traço era distintivo de sua família." (http://www.newadvent.org/cathen/09162a.htm [Verbete Leo X, pope] - Parágrafo VI)
E mais: "Todo ano ele se divertia durante o carnaval com máscaras, música, teatro, performances danças e corridas. Mesmo durante os anos conturbados de 1520 ele participou excepcionalmente de brilhantes festividades, representações teatrais, com música agradável e danças graciosas, essas foram suas diversões favoritas." (http://www.newadvent.org/cathen/09162a.htm [Verbete Leo X, pope] - Parágrafo VI)
"Sob tais circunstâncias, não é de estranhar que o grande tesouro deixado por Júlio II foi totalmente dissipado em dois anos. Na primavera de 1515 o erário público estava vazio e Leão X nunca se recuperou de seu constrangimento financeiro. Vários métodos duvidosos condenáveis foram recorridos para LEVANTAR O DINHEIRO" . (http://www.newadvent.org/cathen/09162a.htm [Verbete Leo X, pope] - Parágrafo - Parágrafo V)
"Os resultados do papa totalizaram entre 500.000 e 600.000 ducados. A casa papal sozinha, que Júlio II tinha mantido em 48.000 ducados, agora custavam o dobro dessa quantia. Ao todo, Leão gastou cerca de quatro milhões e meio de ducados durante o seu pontificado e deixou uma dívida no valor de 400 mil ducados. Em sua morte inesperada seus credores enfrentaram a ruína financeira. Um pasquim proclamou que "Leão X havia consumido três pontificados; o tesouro de Julio II , as receitas de seu próprio reinado, e os de seu sucessor." (http://www.newadvent.org/cathen/09162a.htm [Verbete Leo X, pope] - Parágrafo - Parágrafo V)
Todas essas declarações são considerações da própria Enciclopédia Católica. Somente com muita propagação de indulgências para um homem esbanjador desses se manter.
Leão X foi o único Papa que teve a coragem de vender abertamente "terrenos" no Céu em troca de dinheiro, escancarando as portas da Eternidade para quem quisesse investir qualquer quantia em vida, para posterior ressarcimento após a morte, recebendo os seguintes benefícios: isenção total do Purgatório e do Inferno; o privilégio de sentar-se ao lado da Virgem Maria, de Jesus Cristo e do castíssimo São José; beijar o corpo chaguento de São Lázaro e os pés de Santa Maria Madalena; passear no jumentinho de São José pelos campos do Paraíso; conversar com a jumenta de Balaão (Números 22:28); e, por último, rezar o terço em companhia de Nossa Senhora e dos demais Santos diariamente, ao pôr-do-sol.
Católicos sigam a exortação do apóstolo Pedro e atentai para as coisas que vos contam; para o que vocês defendem com tanta veemência sem ao menos constatarem os fatos:

Muitos seguirão as suas doutrinas dissolutas e, por causa .deles, o caminho da verdade cairá em descrédito. Por avareza, procurarão, com discursos fingidos, fazer de vós objeto de negócios; mas seu julgamento há muito está em ação e a sua destruição não tarda.” (2 Pedro 2:2-3 – Bíblia de Jerusalém)

Rômulo Lima
(Acadêmico em Teologia e Apologética Aplicada)



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