“...Sabendo, entretanto, que o homem não se justifica pelas obras da Lei, mas pela fé em Jesus Cristo, nós também cremos em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo e não pelas obras da Lei, porque pelas obras da Lei ninguém será justificado.” (Gálatas 2:16 – Versão Católica: A Bíblia de Jerusalém)
A intenção de Paulo ao escrever aos Gálatas era desmitificar uma crença que sondava determinadas igrejas, um “outro evangelho” que estava sendo pregado por judaizantes. Nesta pregação, seus “mestres” exigiam que os crentes gentios passassem por certas práticas judaicas (ex. circuncisão, guarda do sábado, etc.) para com isso obter justificação diante de Deus. Tais indivíduos insistiam que os crentes deveriam não apenas crer em Cristo como Salvador, mas também praticar as obras dispostas na Lei de Moisés. Vemos nesse simples versículo que o apóstolo rechaçou essa ideia legalista, e expôs em todo contexto da carta que escrevera: que as obras da lei de maneira nenhuma poderiam cooperar e justificar o crente diante de Deus.
O cerne das doutrinas do catolicismo romano estão dispostas em algumas práticas, a saber, os Sacramentos. Mas o que são eles? Nesse tópico vamos conhecê-los, e examinar seus conceitos segundo o catolicismo, e com isso analisar o que a Bíblia diz sobre o consideração formulada pela teologia romana. Segundo o profº Felipe Aquino:
“Os Sacramentos são os canais por onde flui a salvação de todos os homens, que Cristo conquistou com a Sua Morte e Ressurreição. Eles se relacionam intimamente com Cristo, com a Igreja e com toda a Liturgia. Há em todos eles um denominador comum, que é o conceito de sinal (seméion, em grego) eficiente ou sinal que realiza o que ele assinala. A santíssima humanidade de Cristo é o grande sinal eficiente, transmissor da graça; também a Igreja, como Corpo de Cristo prolongado na história dos homens (cf. Cl 1, 24) e a Liturgia, com seus ritos sagrados, continuam essa função. Cristo toca o cristão pelos Sacramentos não apenas de maneira psicológica ou afetiva, mas de uma forma concreta.” (http://www.catequisar.com.br/texto/materia/fe/491.htm#sthash.XjP42Xqo.dpuf)
É nesse pensamento que todos os clérigos, doutores, mestres e professores do catolicismo seguem. Que, os sacramentos são essenciais na obra salvífica de Cristo. E, que os tais são necessários para continuarem a transmitir a graça de Deus: “Os Sacramentos são os canais por onde flui a salvação de todos os homens, que Cristo conquistou com a Sua Morte e Ressurreição.” E: “A santíssima humanidade de Cristo é o grande sinal eficiente, transmissor da graça; também a Igreja, como Corpo de Cristo prolongado na história dos homens (cf. Cl 1, 24) e a Liturgia, com seus ritos sagrados, continuam essa função.” Ou seja, sem os sacramentos a graça da obra de Cristo não pode ser comunicada ao fiel.
A Doutrina da Salvação – em teologia chamada de Soteriologia -, É sem dúvida uma das doutrinas mais importantes da Bíblia e a finalidade principal que esta foi escrita: A Palavra de Deus é uma obra intrinsecamente soteriológica. Vejamos as declarações oficiais dessa religião sobre a visão de salvação, e perceberemos que todas seguem a citação do profº Felipe Aquino. Notemos algumas formulações católicas. No livro Fundamentals of Catholics Dogma (Fundamentos dos Dogmas Católicos), o Drº Ludwig Ott observa:
"Os sacramentos são os meios apontados por Deus para se alcançar a salvação eterna. Três deles são tão necessários na forma ordinária da salvação que sem o uso deles a salvação não pode ser alcançada [isto é, o batismo, a penitência, as santas ordens].” (Ludwig Ott, Fundamentals of Catholic Dogma - Rockford, IL: Tan Books, 1974, Pg. 340-341)
Ratificando o que o Drº Ludwig Ott esclareceu, segue o exemplo nos seguintes textos:
“A Igreja afirma que para os crentes os sacramentos da nova aliança são necessários à salvação. A “graça sacramental” é a graça do Espírito Santo dada por Cristo e peculiar a cada sacramento. O Espírito cura e transforma os que o recebem, conformando-os com o Filho de Deus. O fruto da vida sacramental é que o Espírito de adoção deifica os fiéis unindo-os vitalmente ao Filho único, o Salvador.” (Catecismo da Igreja Católica, Parágrafo 1129)
Vemos que o compêndio doutrinário católico diz ser: “... para os crentes os sacramentos da nova aliança são necessários à salvação.” Tendo em vista que a graça santificadora do Espírito Santo só pode ser concedida ao fiel por meio deles: “A ‘graça sacramental’ é a graça do Espírito Santo dado por Cristo e peculiar a cada sacramento. O Espírito cura e transforma os que o recebem...”
Vejamos outro parágrafo do catecismo:
“O Senhor mesmo afirma que o Batismo é necessário para a salvação. Também ordenou a seus discípulos que anunciassem o Evangelho e batizassem todas as nações. O Batismo é necessário, para a salvação, para aqueles aos quais o Evangelho foi anunciado e que tiveram a possibilidade de pedir este sacramento. A Igreja não conhece outro meio senão o Batismo para garantir a entrada na bem aventurança eterna; é por isso que cuida de não negligenciar a missão que recebeu do Senhor, de fazer “renascer da água e do Espírito” todos aqueles que podeis ser batizados. Deus vinculou a salvação ao sacramento do Batismo, mas ele mesmo não está vinculado a seus sacramentos.” (Catecismo da Igreja Católica, Parágrafo 1257)
Segundo o catolicismo no texto supracitado vemos que as obras devem ser realizadas, pois a igreja romana diz que Cristo ordenou o batismo como meio de salvação; que não há outro meio de se garantir a bem-aventurança eterna senão o batismo; e, que Deus vinculou a salvação ao sacramento. Segundo o texto Bíblico que comecei essa sessão, será que as declarações católicas são verídicas? Creio que não! Pois a Bíblia diz: “porque pelas obras da Lei ninguém será justificado.” E esse é o núcleo da salvação ensinada em toda a Bíblia:
“Porque diante dele ninguém será justificado pelas obras da Lei, pois da Lei vem só o conhecimento do pecado.” (Romanos 3:20 – Bíblia de Jerusalém)
“...e são justificados gratuitamente, por sua graça, em virtude da redenção realizada em Cristo Jesus.” (Romanos 3:24 – Bíblia de Jerusalém)
“Onde está, então, o motivo de glória? Fica excluído. Em força de que lei? A das obras? De modo algum, mas em força da lei da fé. Porquanto nós sustentamos que o homem é justificado pela fé, sem as obras da Lei.” (Romanos 3:27-28 – Bíblia de Jerusalém)
“Por conseguinte, a herança vem pela fé, para que seja gratuita e para que a promessa fique garantida a toda a descendência, não só à descendência segundo a Lei, mas também à descendência segundo a fé de Abraão, que é o pai de todos nós...” (Romanos 4:16 – Bíblia de Jerusalém)
“Quanto mais, então, agora, justificados por seu sangue, seremos por ele salvos da ira.” (Romanos 5:9 – Bíblia de Jerusalém)
“Ora, se Abraão foi justificado pelas obras, ele tem do que se gloriar. Mas não perante Deus. Que diz, com efeito, a Escritura? Abraão creu em Deus, e isto lhe foi levado em conta de justiça.” (Romanos 4:2-3 – Bíblia de Jerusalém)
“Tendo sido, pois, justificados pela fé, estamos em paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por quem tivemos acesso, pela fé, a esta graça, na qual estamos firmes e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.” (Romanos 5:1-2 – Bíblia de Jerusalém)
“...ao passo que Israel, procurando uma lei de justiça, não conseguiu esta Lei. E por quê? Porque não a procurou pela fé, mas como se a conseguisse pelas obras. Esbarraram na pedra de tropeço...” (Romanos 9:31-32 – Bíblia de Jerusalém)
“E se é por graça, não é pelas obras; do contrário, a graça não é mais graça.” (Romanos 11:6 – Bíblia de Jerusalém)
“E que pela Lei ninguém se justifica diante de Deus é evidente, pois o justo viverá pela fé.” (Gálatas 3:11 – Bíblia de Jerusalém)
“Assim a Lei se tornou nosso pedagogo até Cristo, para que fôssemos justificados pela fé.” Gálatas 3:24 – Bíblia de Jerusalém)
“Pela graça fostes salvos, por meio da fé, e isso não vem de vós, é o dom de Deus.” (Efésios 2:8 – Bíblia de Jerusalém)
“...a fim de que fôssemos justificados pela sua graça, e nos tornássemos herdeiros da esperança da vida eterna.” (Tito 3:7 – Bíblia de Jerusalém)
Eis a grande questão: A visão católico romana não reparte a glória de Deus na salvação com as obras? Claro que sim! Mesmo que 99% da minha fé estejam na obra de Cristo, e o outro 1% nos sacramentos da igreja, estarei errado, e, depositando uma parte da salvação em outros métodos senão os da graça de Deus.
Os membros devotos ao catolicismo não examinam os preceitos de sua igreja com respeito à definição de termos bíblicos porque a Igreja Católica enfatiza que: "sobre o Livro (a Bíblia) está a Igreja..." (Anne Fremantie, The Papal Encyclicals in Their Historícal Context: The Teachings of the Popes [New York: New American Library/Mentor, pg. 196]).
O Catolicismo tem a autoridade final sobre a Bíblia; assim sendo, a explicação que ela faz da Palavra de Deus é a única permitida (para seus fieis). Concluindo, a interpretação que a igreja faz dos termos bíblicos – não a que a própria Bíblia apresenta - é a que prevalece. Então não há outra forma de potencializar tal ensinamento do que atribuindo a si a suprema autoridade divina:
"O Concílio Vaticano II em seu Decreto sobre o Ecumenismo explicita: 'Pois somente através da Igreja Católica de Cristo, auxílio geral de salvação, pode ser atingido toda a plenitude dos meios de salvação'." (Catecismo da Igreja Católica, Parágrafo 816)
Isso faz com que, o magistério da igreja um organismo doutrinador vivo, enxerte constantemente ensinamentos errôneos na mente dos fiéis. Estão anatematizando (tornando divinamente amaldiçoando) quem crê na salvação exclusivamente pela fé, ou seja, quem crê na salvação que a Bíblia ensina.
“Se alguém diz que o pecador é justificado pela fé somente, significa que nada mais é requerido para cooperar para obter a graça da justificação... seja ele anátema... “Se alguém diz que a justificação pela fé é nada mais do que confiar na misericórdia divina, a qual remete pecados para a obra de Cristo, ou que é essa confiança somente que nos justifica, seja ele anátema” (Concílio de Trento, 6th sessão. can. 9, 12)
A Igreja Católica Romana corrompeu a doutrina da justificação confundindo-a com a doutrina da santificação. O teólogo reformado Louis Berkhof dissertou sobre a justificação e santificação de forma muito feliz. Analisando biblicamente a questão, apresentou-as da seguinte forma:
“Justificação é um ato judicial de Deus, no qual Ele declara, sob a base da justiça de Jesus Cristo, que todas as reivindicações da lei estão satisfeitas com respeito ao pecador (...) Santificação pode ser definida como aquela graciosa e contínua operação do Espírito Santo, pela qual Ele retira os pecadores justificados da poluição do pecado, renova sua completa natureza à imagem de Deus, e os capacita a desenvolver boas obras” (Louis Berkhof, Systematic Theology [Grand Rapids: Eerdmans, 1965], Pg. 513, 532.)
Segundo a Bíblia, depois que alguém é tornado justo perante Deus, mediante a exclusividade da graça, ele inicia um processo de santificação por toda a vida, no qual se desenvolve em santidade e obediência à lei de Deus. Resumindo: praticamos boas obras por sermos salvos e justificados gratuitamente por Deus, e por isso nos santificamos com as tais; não praticamo-las para sermos salvos e justificados, atribuindo as obras meio de graça diante de Deus.
Vemos que a salvação apresentada pela Igreja Católica Romana é sacerdotal e sacramentalista. Esta possui uma Soteriologia mediada através dos sacramentos da igreja, que são conduzidos pelos sacerdotes. A participação nos sacramentos e imprescindível para a salvação; ainda e por meio dessa participação que a vida sobrenatural da nova criatura em Cristo é comunicada ao católico fiel.
Esta igreja maquia a salvação de Deus com uma característica ortodoxa: “Nossa justificação vem da graça de Deus. A graça é favor, o socorro gratuito que Deus nos dá para responder a seu convite: tomar-nos filhos de Deus, filhos adotivos participantes da natureza divina, da Vida Eterna.” (Catecismo da Igreja Católica, Parágrafo 1996).
Essa declaração soa em conformidade com a Bíblia, porém em outros pontos se contradiz e distorce essa mesma graça:
“Os sacramentos do Batismo, da Confirmação e da Ordem conferem, além da graça, um caráter sacramental ou “selo” pelo qual o cristão participa do sacerdócio de Cristo e faz parte da Igreja segundo estados e funções diversas. Esta configuração com Cristo e com a Igreja, realizada pelo Espírito, é indelével, permanece para sempre no cristão como disposição positiva para a graça, como promessa e garantia da proteção divina e como vocação ao culto divino e ao serviço da Igreja. Por isso estes sacramentos nunca podem ser reiterados.” (Catecismo da Igreja Católica, Parágrafo 1121).
“Pelos sacramentos da iniciação cristã; Batismo, Confirmação e Eucaristia são lançados os fundamentos de toda vida cristã. “A participação na natureza divina, que os homens recebem como dom mediante a graça de Cristo, apresenta certa analogia com a origem, o desenvolvimento e a sustentação da vida natural. Os fiéis, de fato, renascidos no Batismo, são fortalecidos pelo sacramento da Confirmação e, depois, nutridos com o alimento da vida eterna na Eucaristia. Assim, por efeito destes sacramentos da iniciação cristã, estão em condições de saborear cada vez mais os tesouros da vida divina e de progredir até alcançar a perfeição da caridade.” (Catecismo da Igreja Católica, Parágrafo 1212)
Vemos que no Catolicismo os sacramentos são os canais da graça salvadora. Os ministros ordenados da igreja católica constituem o elo entre os fiéis e os apóstolos, que supostamente receberam de Cristo o seu Espirito, para agir em seu nome e cumprir a missão de salvação. Na teologia católica é necessário que o cristão seja unido com Cristo, e isso acontece por meio dos sacramentos. E principalmente por meio do sacramento da eucaristia que tal união e realizada. Vejamos:
“A Eucaristia é “fonte e ápice de toda a vida cristã”. “Os demais sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e tarefas apostólicas, se ligam à sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Pois a santíssima Eucaristia contém todo o bem espiritual da Igreja, a saber, o próprio Cristo, nossa Páscoa.” (Catecismo da Igreja Católica, Parágrafo 1324)
Por isso, a participação na Missa é de suma importância para o católico conseguir sua salvação. Ao tomar a Eucaristia, ele supostamente entra em comunhão com Cristo. Em resposta a essa pequena mostra de que a salvação oferecida pela Igreja Católica constitui-se completamente em desconformidade com os padrões de Deus na Bíblia, o apóstolo Paulo nos ensina:
“Assim também no tempo atual constituiu-se um resto segundo a eleição da graça. E se é por graça, não é pelas obras; do contrário, a graça não é mais graça.” (Romanos 11:5-6 – Versão Católica: A Bíblia de Jerusalém)
Rômulo Lima
(Acadêmico em Teologia e Apologética Aplicada)
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