“Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” (Filipenses 4:13 Almeida Corrigida e Revisada Fiel)
Na concepção de muitos pregadores modernos, Deus quer que todos sejam ricos e em perfeita saúde, qualquer coisa menos que isto, você está em falta com a verdadeira fé. Isso é apenas uma das reivindicações surpreendentes provenientes dos defensores do “evangelho” da prosperidade. Longe de ser inofensivo, esses descendentes do movimento carismático estão atraindo muitos cristãos sinceros, confundindo-lhes e conduzindo-os para uma grande armadilha.
Hoje nas igrejas vemos muitas pessoas em seus testemunhos, alegando serem extremamente abençoadas financeiramente. A televisão faz até anúncio usando pessoas bem sucedidas, empregam “slogans”, propagandeando denominações, Vez por outra escutamos como um brado de vitória e poder: "Posso todas as coisas em Cristo (Naquele) que me fortalece"
Há programas “evangélicos” em praticamente todos os canais abertos. Os curandeiros e pregadores de riquezas e saúde inabalável dominam a televisão. Digo com sinceridade que perante a Escritura, suas pregações não passam de fraudes e manipulação de interpretação de textos Bíblicos.
Suas mensagens não transmite o verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo. Não há nada de espiritual ou milagroso sobre o “show” que pregadores como Agenor Duque, Valdemiro Santiago, Estevam Hernandes e outros dão em seus palcos.
Tudo isso é um estratagema tortuoso projetado para tirar vantagem de pessoas desesperadas. Eles não são ministros piedosos mas impostores gananciosos que corrompem a Palavra de Deus por causa do dinheiro. Eles não são pastores reais do rebanho de Deus, mas mercenários cujo único projeto é iludir as ovelhas. O amor ao dinheiro é muito óbvio no que dizem e como eles vivem. Eles afirmam possuir grande poder espiritual, mas na realidade eles são materialistas e inimigos de tudo que é santo - Principalmente da Bíblia – quando dão sentido diferente da intenção do autor inspirado.
No texto supra citado percebemos que a palavra de Paulo é muito profunda, ele expressa uma maturidade espiritual no sentido de não se abater diante da adversidade. Mas será que o texto de Filipenses pode ser intendido como um brado de vitória financeira, extinção de doenças, problemas, desempregos, consternações etc? Vejamos:
“Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” (Filipenses 4:11-13)
Estar “abatido” é mais do que privação econômica, mais do que seu destino como mártir; reflete sua visão global, e seu desinteresse pelo conforto pessoal nessa vida. Muitas traduções vertem “estar humilhado”. A frase final dá o sentido íntimo do todo. O aprendizado de Paulo, do segredo da independência e autocontrole só é igualado pelo seu senso de dependência do Senhor, e total confiança nEle.
Usar um único verso para sustentar que, só pelo fato de ser cristão, Deus pode lhe dar tudo que você almejar, é um ensino totalmente humanista. Essas concepções anti bíblicas damos o nome de teologia da prosperidade e confissão positiva. Verdadeiros enganos usados por lobos em pele de cordeiro, para enriquecerem as custas da fidelidade e inocência de alguns. Esse tipo de pregação são a marca registrada das igrejas neo pentecostais que possuem “líderes”, “bispos”, “apóstolos” e “pastores” sem preparo teológico nenhum, mas que guiam carrões importados, voam em seus jatinhos e trazem confusão e sentimento de culpa a muitos crentes verdadeiros.
Enquanto os pregadores do verdadeiro Evangelho se colocavam da seguinte forma:
“Nós somos loucos por amor de Cristo, e vós sábios em Cristo; nós fracos, e vós fortes; vós ilustres, e nós vis. Até esta presente hora sofremos fome, e sede, e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa...” (1 Coríntios 4:10,11)
“Não dando nós escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado; Antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo; na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias, Nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, Na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido, Na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, à direita e à esquerda, Por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama; como enganadores, e sendo verdadeiros; Como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como morrendo, e eis que vivemos; como castigados, e não mortos; Como contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo, e possuindo tudo.” (2 Coríntios 6:3-10)
“São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes.” (2 Coríntios 11:23)
Usando a lógica dos “pregadores” modernos, imagine a pouca fé que Paulo, Barnabé, Apolo e os demais ministros de Cristo dos tempos Bíblicos possuíam! O cristão não está imune aos problemas financeiros, doenças, derrotas, tribulações, desemprego, etc. Somos passíveis às mesmas circunstâncias que sobrevêm ao mundo, porém temos um diferencial: o Espírito Santo, que nos orienta, capacita, guia e consola.
Os valores de Deus são muito diferentes dos nossos, Jesus Cristo não tinha onde reclinar a cabeça, seus discípulos eram os homens mais humildes da época, não possuíam terra nem gado, eram pescadores!! E muitos “pastores” e “líderes” têm a coragem de associar a bênção de Deus a coisas meramente financeiras. Pedro nos ensina que o tesouro das nossas vidas é muito mais valioso do que dádivas materiais:
"Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha, o sangue de Cristo" (I Pedro 1:18,19)
Deus usa muitas vezes as circunstâncias difíceis para ensinar, corrigir e disciplinar seus filhos. O ser humano tem a tendência de se achar auto suficiente quando possui uma situação financeira estável e abastada. A maior bênção nós já recebemos: fomos comprados pelo precioso sangue de Jesus. Isso não quer dizer que devemos nos acomodar, que devemos nos contentar com uma vida de miséria; ao contrário, devemos lutar, trabalhar, estudar para adquirir conhecimento, para ter uma melhor qualidade de vida, para dar conforto aos nossos familiares; mas, nosso coração não deve ser apegado às coisas efêmeras e terrenas como se elas - e somente elas - revelassem uma vida abençoada por Deus. Muito pelo contrário:
“Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.” (1 Timóteo 6:10)
Rômulo Lima
(Acadêmico em Teologia e Apologética Aplicada)
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