"Então subiu dali a Betel; e, subindo ele pelo caminho, uns meninos saíram da cidade, e zombavam dele, e diziam-lhe: Sobe, calvo; sobe, calvo! E, virando-se ele para trás, os viu, e os amaldiçoou no nome do Senhor; então duas ursas saíram do bosque, e despedaçaram quarenta e dois daqueles meninos." (2 Reis 2:23-24)
Muitos céticos e opositores da Bíblia veem nesse texto um alicerce para sustentar que, o Deus judaico-cristão, é intrinsecamente mau, injusto, impiedoso e intolerante. Bem... o que eu posso colocar de antemão é que, tal texto texto é interessantíssimo, e, possui alguns pontos a serem analisados. O termo "meninos" da passagem é a tradução da palavra hebraica נְעָרִים (neârim), usado para servos, pessoas jovens ou em idade de casamento. Os jovens não eram crianças pequenas e inocentes. Eram jovens maldosos, comparáveis às gangues de rua dos dias de hoje. Daí, a vida do profeta foi exposta ao perigo pelo grupo, que era numeroso, pela natureza do seu pecado e pelo óbvio desrespeito que eles demonstraram à autoridade de Eliseu.
O ministério de Eliseu é caracterizado por sua compaixão para com os arrependidos e severidade para os incrédulos. Nada existe de espetacular e assombroso nesse incidente, em nada diminuindo o caráter amoroso de Deus. Eliseu era um profeta e falava com autoridade Divina e um instrumento de Deus na terra TANTO PARA JUSTIÇA QUANTO PARA BÊNÇÃO!!!
A passagem enfatiza a oposição contínua sofrida por um profeta autêntico em Betel, o principal centro pagão de adoração a animais. A principal dificuldade recai sobre a "maldição no nome do Senhor" (verso 24). Na doutrina deuteronômica de justiça por retribuição:
"E retribui no rosto qualquer dos que o odeiam, fazendo-o perecer; não será tardio ao que o odeia; em seu rosto lho pagará."
(Deuteronômio 7:10)
Esta era a exigência contra todo aquele que zombasse de um profeta, um ato que equivalia a diminuir a importância do próprio Deus. A ofensa dos jovens não foi assim tão pequena, porque os jovens trataram Eliseu com desprezo. Como o profeta era a boca com a qual Deus falava ao seu povo, o próprio Deus estava sendo maldosamente insultado na pessoa do seu profeta.
Então o que podemos aprender de tal episódio não era o fato de Eliseu ter amaldiçoado ou não. Mas que Deus tomou a vida deles, pois somente Ele poderia ter dirigido as ursas naquela hora, fazer com que os rapazes se paralisassem de temor e assim serem atacados. Deus tem o poder sobre toda a criação - tanto em doar a vida, como tirá-la:
"Mas, se avisares ao ímpio, e ele não se converter da sua impiedade e do seu mau caminho, ele morrerá na sua iniquidade, mas tu livraste a tua alma." (Ezequiel 3:19)
"A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai levará a iniquidade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele e a impiedade do ímpio cairá sobre ele." (Ezequiel 18:20)
É evidente que, por terem zombado desse homem de Deus, aqueles jovens revelaram sua verdadeira atitude para com o próprio Deus. DEUS É AMOR MAS TAMBÉM É JUSTIÇA. Foi claramente um ato de Deus em juízo sobre aquela ímpia gangue. Um desprezo assim para com o Senhor é punível com a morte.
Rômulo Lima
(Acadêmico em Teologia e Apologética Aplicada)
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