terça-feira, 22 de dezembro de 2015

O DIA NATALÍCIO DO SOBERANO (UMA MENSAGEM DE NATAL)



Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” (Lucas 2:11)

Ao noticiar o nascimento de Cristo Jesus, o anjo de Deus, explica que, trouxe as boas novas de alegria. A notícia do Salvador possui muito significado a humanidade e aos povos de todas as nações; mas, ela foi revelada primeiramente ao povo antigo de Deus. O Salvador é um título muito empregado para a Pessoa de Jesus devido a sua Obra, sendo chamado de “Cristo, o Senhor”, isso nos mostra a importância geral de sua Santa Pessoa.  

O termo Cristo significa “Ungido” em Grego, assim como “Messias” no termo hebraico. A unção era para serviço especial, como o de um sacerdote ou de um rei. Os judeus, porém, esperavam que um dia Deus enviaria um libertador específico. Não seria simplesmente “um” ungido mas, sim “o” Ungido, o Messias. E é Este que o anjo anuncia. A palavra “Senhor” (tradução do grego KYRIOS) é usada no Novo Testamento somente para Deus, daí a mesma palavra ser empregada ao imperador por seus súditos, pois aquele considerava-se “deus” na Terra. “Cristo, o Senhor”, portanto, descreve o Menino nos termos mais altos possíveis. Descreve-o como Deus-Homem.

Mas como assim? Um menino que necessitava de cuidados? Precisava de amparo como um bebê comum? Este teria o mesmo título de Deus? Ou melhor, esse é o Deus que aplicaria a salvação dos pecados a humanidade? Sim! Cristo Jesus é o Deus de Israel. Ele é preexistente juntamente com o Pai e o Espírito Santo, numa “Triunidade” sempiterna. Esse é o Jesus que devemos conhecer. O Jesus que se fez homem, que nasceu como um de nós, gerado pelo Espírito de Deus; e, que se entregou como um cordeiro mudo, não tendo pecado, fazendo-se como um sacrifício substitutivo por nossas iniquidades:

E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado.” (1 João 3:5)

O apóstolo Paulo nos explica a importância não só apenas de um conhecimento superficial da Pessoa de Jesus, mas sim de algo mais profundo, algo inerente a sua plena natureza. Aquele que andou entre nós, chorou, sentiu fome, sede, frio, sorriu, ensinou, etc., era a plenitude de Deus encarnada. O único alvo da nossa adoração e redenção:

Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência. (Colossenses 1:16-18)

O texto nos mostra a supremacia de Cristo e sua glória. O frágil bebê nascido na pequena Belém Efrata (cidade do rei Davi), era o criador do Universo físico e de todo mundo espiritual. Aquele que em tudo tem a primazia.  

Esse é o Cristo que deve nascer em nossos corações. Esse é nosso Deus, Salvador, Intercessor e Advogado. Muitas religiões criam estórias; exaltam pessoas normais – como eu e você -, e repartem com outros redentores e mediadores o lugar inerente somente a Jesus Cristo em nossas vidas. Isso é um falso ensino! Tal como a cosmovisão europeia que, nos apresenta uma falsa comemoração natalina: com suas simbologias, práticas culturais, e a criação de outros ícones que não seja o Deus-Homem, Cristo.

Uma visão correta de Cristo, nos isenta de toda uma gama de erros. Nos faz ter paz com Deus, e, com isso saberemos e aplicaremos o verdadeiro sentido do seu nascimento em nossas vidas. O Senhor Jesus não é um rei bélico como os judeus aguardavam. Alguém que os libertaria do domínio romano.  Não é um curandeiro e um milagreiro apresentado no “evangelho” televisivo de nossos dias. Mas, é um Soberano Salvador, O Ungido que estabeleceu um reino espiritual, em prol de libertar, pela sua misericórdia, os que creem nEle do pecado intrínseco a todos os homens, e da condenação deste. Seu nascimento, ministério e obras é muito maior do que podemos imaginar. Cristo pagou o preço pelas culpas de muitos, para com isso nos abrir a via que teremos acesso ao Pai.

Daí vem a única forma correta de devoção, culto e adoração registrada pelo amado apóstolo João em seu maravilhoso Evangelho:

Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. (João 14:6)

Um feliz natal a todos!


Rômulo Lima

Rio de Janeiro - Dezembro de 2015

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

AMBIGUIDADE NO CONCÍLIO DE TRENTO




No século 16, a Reforma Protestante levantou as questões do pelagianismo e do semipelagianismo novamente. A resposta da igreja Católica Romana no Concilio de Trento lança luz sobre o modo como essas questões se desenvolveram. Na sexta sessão do concílio, a igreja definiu a sua doutrina da justificação e registrou cânones contra várias concepções que considerava heréticas. Os primeiros três cânones claramente reiteram o repúdio histórico da igreja ao pelagianismo puro. Os cânones 4 e 5 deixam alguma ambiguidade com relação ao semipelagianismo.

NO CÂNONE 4 DA SEXTA SESSÃO LÊ-SE:

Se alguém disser que o livre-arbítrio do homem [quando] movido e despertado por Deus, por consentimento ao chamado e ação de Deus, não coopera de forma alguma com respeito ao inclinar-se e preparar-se para obter a graça da justificação, [e] que ele não pode recusar seu consentimento se o desejar, mas que, como algo inanimado, nada faz e é meramente passivo, que seja anátema”.

A ambiguidade aqui é complexa. A primeira declaração é que o homem coopera por meio do consentimento a Deus quando este o move e estimula a vontade. Mas o que significa a vontade ser “movida e despertada por Deus”? A teologia agostiniana afirma que depois que Deus muda a disposição da vontade pela sua graça, o pecador coopera e concorda com a vontade de Deus. Esse consentimento, no entanto, é o resultado da operação monergística de Deus sobre a vontade do pecador escravizado. Os reformadores podem até mesmo concordar que a vontade se dispõe e se prepara para a graça da justificação (não regeneração), mas é improvável que essa linguagem fosse usada por eles. Tal terminologia deixa exposta uma questão crítica perante o semipelagianismo: A vontade, antes da regeneração, sempre se dispõe ou se prepara para a graça?

O concílio adicionou confusão quando negou que a vontade não pode discordar mesmo se quisesse. Essa declaração é estranha porque claramente erra o alvo. Como veremos mais tarde, os reformadores não ensinaram que a graça irresistível de Deus faz com que as pessoas sejam incapazes de discordar mesmo se o quisessem. A obra eficaz de Deus opera de tal forma que o pecador não pode discordar precisamente porque ele não quer discordar. Ele não pode escolher fazer o que não escolhe fazer. A visão agostiniana também não considerava a vontade caída como algo inanimado, embora passiva no momento em que recebe a graça da regeneração.

O teólogo luterano Martin Chemnitz recorre a Jacob Payva Andrada para uma interpretação definitiva desse cânone: 

Ele explica a opinião, tanto do sínodo [ou concílio] quanto a sua própria, assim: Que o livre-arbítrio, sem a inspiração e assistência do Espírito não pode, de fato, causar ações espirituais, mas que isso não acontece por esta razão, que a mente e a vontade, presentes no homem desde o momento do seu nascimento, não tem força alguma, qualquer poder ou faculdades necessárias para começar e efetivar ações espirituais antes da sua conversão porque esses poderes e faculdades naturais, embora não tenham sido destruídos nem extinguidos, foram tão enredados nas armadilhas dos pecados que o homem não pode se desembaraçar pela sua própria força”.

Aqui vemos que o concílio claramente negou o pelagianismo ao afirmar que a pessoa caída não pode fazer bem espiritual sem a assistência da graça. Mas permanece a questão sobre que capacidade moral tem a pessoa não-regenerada para responder à assistência da graça. Chemnitz continua:

...o Concílio de Trento... diz que o livre-arbítrio consente e coopera livremente com a graça assistente e estimuladora de Deus. Porque eles pensam que na mente e na, vontade do homem não-regenerado ainda há, desde o momento do seu nascimento nessa corrupção, alguns poderes naturalmente implantados, ou algum tipo de faculdade para as coisas divinas ou ações espirituais, mas que o movimento e uso dessas faculdades e poderes é reprimido e impedido pelo pecado no não regenerado. Assim, eles pensam que a graça de Deus e a obra do Espírito não efetuam e trabalham simplesmente naqueles que são nascidos de novo, algum novo poder, força, faculdade ou capacidade de começar e realizar impulsos e ações espirituais que, antes da conversão e renovação, não tinham a partir dos poderes da natureza, mas que eles apenas quebram as cadeias e são libertos das armadilhas para que a faculdade natural, previamente refreada, contida e obstruída, possa, agora, incitada pela graça, exercer seus poderes em questões espirituais.

Se Chemnitz estiver correto, então Trento reafirmou a condenação da igreja ao pelagianismo e retrocedeu quanto à condenação clara ao semipelagianismo. O concilio adotou essencialmente a visão semipelagiana da vontade e do pecado original.

O CÂNONE 5 DA SEXTA SESSÃO DECLARA: 

Se alguém disser que após o pecado de Adão, o livre-arbítrio foi perdido e destruído, ou que ele é algo apenas em nome, na verdade um nome sem uma realidade, uma ficção introduzida na igreja por Satanás, seja anátema.” 

Novamente, é difícil discernir o alvo desse cânone. Agostinho e os reformadores pensavam que o livre-arbítrio do homem não havia sido extinto pela queda. O que foi extinto, de acordo com Agostinho, foi a liberdade, a capacidade moral para o bem.

A resposta de João Calvino ao ensino de Trento é similar à de Chemnitz. Aos três primeiros cânones contrários ao pelagianismo, Calvino simplesmente diz “Amém”. Com relação ao cânone 4, ele escreve:

Certamente obedecemos a Deus com a nossa vontade, mas é com uma vontade que ele formou em nós. Assim, aqueles que atribuem qualquer movimento apropriado ao livre-arbítrio, à parte da graça de Deus, não mais fazem do que arrancar o Espírito Santo. Paulo declara, não que uma faculdade de vontade foi dada a nós, mas que a própria vontade foi formada em nós (Fp 2.13) e, assim, o consentimento ou obediência à uma vontade justa não vem de ninguém além de Deus. Ele age dentro de nós, sustentando e movendo o nosso coração e nos atraindo pelas inclinações que ele mesmo produziu em nós. Assim diz Agostinho. Que preparo pode haver no coração de ferro até que, por uma mudança maravilhosa, comece a ser um coração de carne?

As observações de Calvino assumem um tom ainda mais afiado quando responde ao cânone 5:

Que nós não levantemos uma discussão sobre uma palavra. Mas como por livre-arbítrio eles entendem uma faculdade de escolha perfeitamente livre e sem preconceitos de ambos os lados, aqueles que afirmam que isso é meramente para usar um nome sem uma substância, tem a autoridade de Cristo quando ele diz que livres são aqueles que o Filho liberta e que todos os outros são escravos do pecado. Liberdade e escravidão são com certeza contrários um ao outro. Quanto ao próprio termo, que Agostinho seja ouvido quando afirma que a vontade humana não será livre enquanto estiver sujeita às paixões que a dominam e escravizam. Em outro lugar, ele diz, “Sendo a vontade dominada pela depravação na qual tem caído, a natureza se encontra sem a liberdade”. Novamente, “O homem, ao fazer um mau uso do livre-arbítrio, o perdeu e perdeu a si mesmo”.

Novamente vemos o jogo das palavras liberdade, livre e livre-arbítrio. Em outro lugar, Calvino, assim como Agostinho, admitiu o livre-arbítrio no sentido em que o pecador não age por compulsão exterior. No entanto, a vontade não é livre no sentido moral porque ela é escrava das más inclinações. 

Tanto Chemnitz (um luterano) como Calvino viram em Trento um afastamento da concepção sobre a vontade de Agostinho. Eventos posteriores na igreja tendem a confirmar esse julgamento.

O Agostinianismo de Jansen Desenvolvimentos posteriores dentro da igreja Católica Romana no final do século 16 prepararam o caminho para a controvérsia jansenista do século 17. Michael Baius, um professor em Louvain, afirmava decididamente as doutrinas agostinianas da graça. Ele argumentava que o homem é completamente depravado pelo pecado: “O livre-arbítrio sem a assistência de Deus para nada serve a não ser para o pecado”. A justificação é obtida apenas depois da vontade do pecador ter sido transformada por Deus. Setenta e nove teses de Baius foram condenadas numa bula editada pelo papa Pio V. Entre as teses condenadas estavam idéias de Agostinho como:

(1) a vontade sem a graça só pode pecar; 
(2) mesmo a concupiscência contrária à vontade é pecado; e 
(3) o pecador é movido e avivado apenas por Deus.

O teólogo jesuíta Luis de Molina tentou fazer uma síntese na qual o pelagianismo, o semipelagianismo e o agostinianismo pudessem ser reconciliados. Seeberg resume suas concepções:

O homem é, mesmo em seu estado pecaminoso, livre para realizar não apenas obras naturais, mas também sobrenaturais, a cooperação da graça sendo pressuposta. A graça eleva e estimula a alma... mas o ato real de decisão não é trabalhado na vontade pela graça, mas é feito pela própria vontade, esta, no entanto, estando em união com a graça... Agora a cooperação profunda assim alcançada se torna uma mera ilusão se todos os atos livres dos seres criados forem realmente reconhecidos, de acordo com os tomistas, como desejados pelo próprio Deus a partir do seu próprio movimento original”.

Com relação à predestinação e eleição, Luis adotou uma visão presciente (baseada na sua teoria do “conhecimento mediano”), de acordo com a qual a eleição de Deus baseia-se no seu conhecimento prévio das livres escolhas humanas. “É verdade, um olho crítico irá prontamente descobrir que a combinação assim aceita é apenas aparente e que a concepção agostiniana-tomista da graça é aqui arrancada pela raiz”, escreve Seeberg. “O sinergismo na sua forma mais ousada é o primeiro princípio confesso dessa teologia. Mas a oposição a ele, inaugurada pelos dominicanos, foi debilitada pela campanha dos jesuítas, que adotaram essa teoria da graça como a doutrina oficial da sua ordem”.

A disputa entre os dominicanos e jesuítas resultou num apelo ao papa. Mas nenhuma declaração papal seria feita para permitir que os jesuítas continuassem ensinando a posição molinista sem oposição eclesiástica.

A influencia crescente dos jesuítas provocou uma forte reação no mosteiro de Port Royal (perto de Paris). Em 1640, pouco antes da sua morte, o bispo de Ypres, Cornelis Jansen, escreveu Augustinus. Nesse volume, Jansen basicamente reproduziu a teologia de Agostinho. Ele insistiu que o pecador é livre apenas dentro do domínio do pecado. Só a graça irresistível pode trabalhar o bem no homem. Os jesuítas reclamaram do livro de Jansen para o papa. Em 1653, Inocêncio X condenou as cinco teses de Jansen:

1) Alguns mandamentos de Deus são impossíveis para os homens “justos” obedecerem pela vontade e pelo esforço de acordo com os poderes que presentemente possuem. Eles também carecem da graça que faria com que essa obediência fosse possível.

2) Aqueles no estado da natureza caída nunca oferecem resistência à graça interior.

3)Para obter mérito ou demérito no estado da natureza caída, o homem não requer liberdade da necessidade. A liberdade da coerção é suficiente.

4) Os semipelagianos admitiram corretamente a necessidade da graça interior para atos individuais, até mesmo para o início da fé. Eles foram heréticos porque afirmaram que o homem pode resistir ou se conformar a essa graça.

5) É semipelagiano dizer que Cristo morreu ou derramou o seu sangue por todo e qualquer homem.

O agostinianismo foi novamente revivido na igreja por Pasquier Quesnel. No século 18, ele publicou o seu Meditations upon the New Testament. Essa obra, mais uma vez, incitou os jesuítas, que conseguiram assegurar a condenação das 101 teses desse comentário. “Com uma honestidade tremenda, não apenas a teologia agostiniana, mas toda a estrutura do Cristianismo agostiniano foi aqui condenado”, escreve Seeberg. 

“É herético ensinar: que o homem natural é apenas pecador; que a fé é dom de Deus; que a graça é dada apenas mediante a fé; que a fé é a primeira graça... que a graça é necessária para toda boa obra...”

Blaise Pascal acendeu uma faísca sobre a causa jansenista ao escrever uma série de artigos contra os jesuítas. Mas, mesmo os esforços de Pascal não detiveram o movimento da igreja para longe do curso que Agostinho havia estabelecido séculos antes.

O SEMIPELAGIANISMO NO CATECISMO

No novo Catecismo da Igreja Católica (1994), muitos artigos tratam da liberdade e da responsabilidade humana. Alguns desses artigos incluem o que se segue:

A liberdade é o poder, arraigado na razão e na vontade, de agir ou não agir, fazer isto ou aquilo, e assim realizar ações deliberadas sob a própria responsabilidade da pessoa. A pessoa modela sua própria vida pelo livre-arbítrio. A liberdade humana é uma força para o crescimento e a maturidade na verdade e na bondade; ela alcança a sua perfeição quando dirigida a Deus... Enquanto a liberdade não se vincular definitivamente ao seu bem final que é Deus, há a possibilidade de se escolher entre o bem e o mal e, conseqüentemente, crescer na perfeição ou falhar e pecar. Essa liberdade caracteriza propriamente os atos humanos. É a base para o louvor ou culpa, mérito ou reprovação.

As palavras acima revelam a visão semipelagiana segundo a qual o homem caído retém a capacidade moral de escolher entre o bem e o mal. Em outro lugar, o Catecismo declara:

Deus criou o homem um ser racional, conferindo a ele a dignidade de uma pessoa que pode iniciar e controlar suas próprias ações. ‘Deus desejou que o homem fosse “deixado nas mãos do seu próprio conselho”, para que pudesse, de acordo com si mesmo, buscar seu Criador e livremente alcançar sua completa e abençoada perfeição pelo ato de apegar-se a ele”.

Com relação ao pecado original, o Catecismo observa que a igreja rejeitou tanto a visão pelagiana quanto a protestante. Os reformadores, diz o Catecismo, “ensinaram que o pecado original perverteu radicalmente o homem e destruiu a sua liberdade; eles identificaram o pecado herdado por cada homem com a tendência para o mal (concupiscentia), o que seria insuperável”.

De modo diferente de Agostinho e dos reformadores, Roma não considera essa inclinação ao mal como insuperável. Ela pode ser superada por meio de um empenho no que o Catecismo chama de “uma batalha difícil”. 

Toda a história do homem tem sido a história de um sério combate com os poderes do mal, assim nosso Senhor nos diz, desde o próprio início da História até o último dia. Ao se encontrar no meio do campo de batalha, o homem tem de lutar para fazer o que é certo, isso a um grande custo para si mesmo, e é ajudado pela graça de Deus que obtém o sucesso em alcançar a sua própria integridade interior”.

Resumindo, Roma claramente continua a repudiar o pelagianismo puro e a ensinar que o homem precisa da assistência da graça divina para a salvação. Contudo, Roma também ensina que o homem caído retém a capacidade (embora sua vontade tenha sido enfraquecida) para cooperar com essa graça assistente, exercendo a vontade no seu poder natural. Isso representa o triunfo do semipelagianismo sobre o agostinianismo.

 Por R.C. Sproul
Rômulo Lima
(Acadêmico em Teologia e Apologética Aplicada)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

O ANJO GABRIEL SAUDOU MARIA COM O TERMO "AVE"? (UMA ANALISE DA ANUNCIAÇÃO)


Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores.” (Mateus 7:15 – Bíblia Ave Maria)

O Senhor Jesus nos ensina algo muito significativo neste texto de Mateus: Que os cristãos deveriam ter cautela ante os supostos profetas, mestres e doutores da religião. Houve muitos falsos profetas na época do Antigo Testamento. Tais só profetizavam coisas de seu próprio coração, e, muitas vezes somente o que era agradável ao rei e ao povo.

Nos tempos de Cristo, e ainda hoje, também há falsos profetas, mestres e doutores. Homens que criam normas e doutrinas religiosas que não condizem com o verdadeiro Cristianismo. 

Devemos estar sempre atentos para tais que procuram envolver a mensagem simples do Evangelho, a autoridade da Bíblia, juntamente, com o culto, louvor, honra, glória e adoração devidos somente a Deus em Cristo Jesus.

Um exemplo explícito do que digo está no ensinamento do Catolicismo Romano com relação à Maria. Com o intuito de engrandecer a pessoa da mãe do Salvador, o Catolicismo Romano criou uma Mariologia ampla, envolta em mitos e doutrinas extra Bíblicas.

Todos já ouviram a expressão “Ave”. Ela era usada no mundo antigo exclusivamente para o imperador Romano em sua honra, glória e exaltação. Daí a expressão: “Ave César”. Até mesmo os gladiadores saudavam o imperador Romano dessa forma: “Ave, Imperador! Os que vão morrer te saúdam!” 

O Catolicismo aplicou essa saudação a Maria. Mas será que ela está na Bíblia? É o que vamos analisar. A palavra grega para cumprimento é “χαιρε” (kaire), que a Bíblia Ave Maria traduziu por “AVE” seguindo o erro da tradução Vulgata de Jerônimo que usou: “have gratia plena” que literalmente significa “Ave, Cheia de Graça”.  

Tal cumprimento aparece exatamente na forma “χαιρε” (kaire), cinco vezes; e, na forma “χαίρετε” (kaírite) uma única vez nos Evangelhos. Vamos aos textos.

PRIMEIRO: Aproximou-se imediatamente de Jesus e disse: Salve Mestre. E beijou-o.” (Mateus 26:49 – Bíblia Ave Maria)

καὶ εὐθέως προσελθὼν τῶ ἰησοῦ εἶπεν, χαῖρε, ῥαββί· καὶ κατεφίλησεν αὐτόν.” (Mateus 26:49 [http://www.bibliacatolica.com.br/septuaginta/sao-mateus/26/#.VGuOqjTF_kU])

Transliteração: “Kaí euthéos prosselthom tô Iesou eípen, KAIRE rabbí kaí katefilessen auton.

SEGUNDO: Depois, trançaram uma coroa de espinhos, meteram-lha na cabeça e puseram-lhe na mão uma vara. Dobrando os joelhos diante dele, diziam com escárnio: Salve, rei dos judeus!” (Mateus 27:29 – Bíblia Ave Maria)

καὶ πλέξαντες στέφανον ἐξ ἀκανθῶν ἐπέθηκαν ἐπὶ τῆς κεφαλῆς αὐτοῦ καὶ κάλαμον ἐν τῇ δεξιᾷ αὐτοῦ, καὶ γονυπετήσαντες ἔμπροσθεν αὐτοῦ ἐνέπαιξαν αὐτῶ λέγοντες, χαῖρε, βασιλεῦ τῶν ἰουδαίων,” (Mateus 27:29 [http://www.bibliacatolica.com.br/septuaginta/sao-mateus/27/#.VGuPMzTF_kU])

Transliteração: “kai pléxantes stéfanon ex akanthon epéthekan épí kefales autou kai kalamon em te dexia autou kai gonypetésantes emprosthen autou enepaixian autõ légontes KAIRE bassileu tõn ioudaíon.

TERCEIRO: Nesse momento, Jesus apresentou-se diante delas e disse-lhes: Salve! Aproximaram-se elas e, prostradas diante dele, beijaram-lhe os pés” (Mateus 28:9 – Bíblia Ave Maria)

"καὶ ἰδοὺ ἰησοῦς ὑπήντησεν αὐταῖς λέγων, χαίρετε. αἱ δὲ προσελθοῦσαι ἐκράτησαν αὐτοῦ τοὺς πόδας καὶ προσεκύνησαν αὐτῶ." (Mateus 28:9 [http://www.bibliacatolica.com.br/septuaginta/sao-mateus/28/#.VGuRFzTF_kU])

Transliteração: “kaí ídou Iesous ypéntesen autais légon KAÍRETE aí dé proselthousai ekpátesan autou tous podas kaí proskynesan auto.

QUARTO: “E começaram a saudá-lo: Salve, rei dos judeus!” (Marcos 15:18 – Bíblia de Jerusalém)

καὶ ἤρξαντο ἀσπάζεσθαι αὐτόν, χαῖρε, βασιλεῦ τῶν ἰουδαίων·” (Marcos 15:18 [http://www.bibliacatolica.com.br/septuaginta/sao-marcos/15/#.VGuT9jTF_kV])

Transliteração: “kai erxanto aspázesthai aouton KAÍRE bassileu tõn ioudaíon.

QUINTO: Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.” (Lucas 1:28 – Bíblia Ave Maria)

καὶ εἰσελθὼν πρὸς αὐτὴν εἶπεν, χαῖρε, κεχαριτωμένη, ὁ κύριος μετὰ σοῦ.” (Lucas 1:28 [http://www.bibliacatolica.com.br/septuaginta/sao-lucas/1/#.VGuVXzTF_kU])

Transliteração: “kai eísselthon prós autén eípen KAÍRE, kekaritoméne, hó Kyrios metá sou.

SEXTO: "Aproximavam-se dele e diziam: Salve, rei dos judeus! E davam-lhe bofetadas." (João 19:3 – Bíblia Ave Maria)

καὶ ἤρχοντο πρὸς αὐτὸν καὶ ἔλεγον, χαῖρε, ὁ βασιλεὺς τῶν ἰουδαίων· καὶ ἐδίδοσαν αὐτῶ ῥαπίσματα.” (João 19:3 [http://www.bibliacatolica.com.br/septuaginta/sao-joao/19/#.VGuWeTTF_kU])

Transliteração: “kaí êpgonto prós autón kaí êlegon, KAÍRE, hó bassileus tôn ioudaíon kaí edidossan.” 

Notaram alguma diferença na tradução? É nítido que a única vez que a palavra grega “χαιρε” (kaire), - que é uma saudação comum como: "Salve, Graça, Alegra-te, Olá, etc". - foi traduzida por “AVE”, somente em Lucas 1:28. com o intuito de exaltar Maria e defender a doutrina extra Bíblica da Imaculada Conceição

Nem ao menos em Mateus 26:19, Mateus 27:29, Marcos 15:18 e João 16:3, textos que a palavra é dirigida diretamente a Jesus Cristo, ela foi traduzida por “AVE”. Somente na referência a Maria!

É muito interessante que o Senhor Jesus também usou a palavra “χαίρετε” (kaírite), para saudar as mulheres, após sua ressurreição, quando estas foram ao seu túmulo. Será que o Senhor Jesus, o Deus Todo Poderoso queria reverenciá-las da forma como texto é aplicado (pelo catolicismo) a Maria? Logicamente que não! 

Queridos leitores(as) o Catolicismo Romano não está interessado em ensinar aos seus leigos fieis a verdade. A religião Romanista está preocupada em salvaguardar suas doutrinas que não são Bíblicas. Traduziram a Escritura de forma tendenciosa para com isso aplicar a sua interpretação. Prendem seus adeptos com uma suposta “única autoridade Divina”, engodando, criando e sofismando tudo que é de mais errado nos preceitos que desenvolveram. A Bíblia nos exorta para atentarmos aos tais:

E ninguém vos seduza com vãos discursos. Estes são os pecados que atraem a ira de Deus sobre os rebeldes.” (Efésios 5:6 – Bíblia Ave Maria) 

Rômulo Lima 
(Acadêmico em Teologia e Apologética Aplicada)

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O FINALIDADE DO ANTICRISTO – CEIFAR VIDAS

Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e, Quem matar será réu de juízo.” (Mateus 5:21 – Versão: João Ferreira de Almeida Atualizada)

O sistema de governo vigente, usa de várias falácias para tentar de todas as formas a legalização do aborto. Líderes esquerdistas e muitos religiosos “ditos evangélicos” anunciam abertamente essa posição. Há um projeto de lei (desde 2007) em tramitação, que defende o direito de vida ao feto. Este é chamado de Estatuto do Nascituro.

O QUE É O ESTATUTO DO NASCITURO?

O Estatuto do Nascituro é um projeto de lei de número 478 de 2007, que está em tramitação no Congresso Nacional. Proposto pelos Deputados Luís Carlos Bussuma (PV-BA) e Miguel Martini (PHS-MG), o projeto institui direitos civis e penais aos embriões, de modo a dar liberdade de reclamar direito jurídicos e também a proteção do Estado, de dentro ou fora da barriga da mãe, mesmo em casos de fecundação in vitro, mesmo antes da transferência para o corpo da mulher.

Isso quer dizer que, o embrião humano adquire originalidade legal. O estatuto entende que a natureza humana do nascituro já existe desde a sua concepção e também é o que a doutrina majoritária dentro do Direito Civil aceita. Seguindo assim conforme o artigo 3º, do presente projeto de Lei:

Art. 3º O nascituro adquire personalidade jurídica ao nascer com vida, mas sua natureza humana é reconhecida desde a concepção, conferindo-lhe proteção jurídica através deste estatuto e da lei civil e penal.

Parágrafo único. O nascituro goza da expectativa do direito à vida, à integridade física, à honra, à imagem e de todos os demais direitos da personalidade.” (http://rivkaajzental.jusbrasil.com.br/artigos/242114509/da-protecao-do-nascituro-e-do-embriao-excedentario-no-sistema-juridico-brasileiro?ref=topic_feed)

O governo atual e tais “líderes ditos evangélicos” tem se levantado contra esse projeto, alegando que a legalização do aborto pode evitar inúmeros casos de criminalidade; reduzir a taxa de pobreza, como: fome, doenças infantis, mendicância, etc. Além de poupar verbas dos cofres públicos, que, respectivamente, deixaria de aplicar o capital em projetos sociais para essas pessoas que viriam ao mundo. 

Os deputados do PT na comissão chamaram a iniciativa de “bolsa estupro” e disseram que a proposta fere a Lei de Responsabilidade Fiscal, ao não prever o impacto financeiro. Eles ainda discordaram do mérito, sob argumento de que a proposta representa diminuição dos direitos das mulheres. (http://www.ebc.com.br/noticias/politica/2013/06/comissao-da-camara-aprova-projeto-que-garante-pensao-a-crianca-nascida-de)

Isso causou uma grande polêmica, porquanto a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara aprovou o que estabelece o Estatuto do Nascituro, entre outros pontos, o direito ao pagamento de pensão alimentícia, equivalente a um salário mínimo, às crianças concebidas de violência sexual.

Agora eis a questão: Não é papel do Estado zelar pela família e pela vida? Sim! A Constituição de 1988 prevê isso logo em seu preâmbulo:

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.” (http://www.jusbrasil.com.br/topicos/302754/constituicao-federal-de-1988)

Podemos ver que, é papel dos “representantes do povo brasileiro” assegurar os direitos fundamentais e individuais. E, a mesma Constituição vai mais além ao expandir o direito a vida, a criança e ao adolescente:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” (http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10644726/artigo-227-da-constituicao-federal-de-1988

O aborto é uma opressão ao direito a vida da criança, que ainda não veio ao mundo, porém existe. Essa é a resolução de várias afirmações médicas universais. O ponto central da medicina é a preservação da vida; e, o do Estado de Direito, da família e, da sociedade, garantir que os padrões estejam nos parâmetros de defesa a vida do ser humano em sua concepção. Note essas declarações: 

"O médico há de sempre lembrar-se da importância de preservar a vida humana desde a concepção até a morte" (CÓDIGO INTERNACIONAL DE ÉTICA MÉDICA - Estabelecido em Outubro de 1969)

"O médico deve manter o mais alto respeito pela vida humana, desde a sua concepção” (DECLARAÇÃO DE GENEBRA - Associação Médica Mundial)

Com os atuais conhecimentos da Biologia molecular, da genética e da embriologia, é um fato cientificamente comprovado que a Vida Humana tem início na fusão do óvulo com o espermatozoide, quando se forma o zigoto, que começa a existir e a operar como uma unidade desde o momento da fecundação. Possui um genoma especificamente humano que lhe confere uma identidade biológica única e irrepetível, portanto, uma individualidade de sua espécie. É o executor do seu próprio desenvolvimento de maneira coordenada, gradual e sem solução de continuidade.” (VII Conclave Brasileiro de Academias de Medicina, no Rio de Janeiro, de 7 a 9 de maio de 1998 – Para mais informações: www.fbam.com.br)

Diante disso o governo vigente, vai diametralmente contra um direito de cada ser humano. Ele está absolutamente contrário a resoluções estabelecidas dentro da Federação, como resoluções de órgãos mundiais que seguem a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ante esse ponto o filósofo Antônio Maneghetti declarou-se de forma muito feliz:

Direito é um poder, uma potestade inviolável porque, se se tenta violá-lo, coloca-se a si mesmo contra a natureza. Por exemplo, quando nos encontramos em posição de direito interior, e não o exercemos, advém a culpa, é uma autolesão, porque o ordenamento interno não foi feito pelo homem, mas nasce da posição de ser.” (MENEGHETTI, Antônio. Fundamentos de filosofia. São Paulo: Ontopsicologica Editrice, 2005. Página, 128.)

O defloramento do Direito é uma ação que possui reflexo sobre pessoas, sobre Leis individuais. Nessa mesma ideologia, Dalmo de Abreu Dallari, em sua obra Introdução a Bioética, declarou:

Qualquer ação humana que tenha algum reflexo sobre as pessoas e seu ambiente deve implicar o reconhecimento de valores e uma avaliação de como estes poderão ser afetados. O primeiro desses valores é a própria pessoa, com as peculiaridades que são inerentes à sua natureza, inclusive suas necessidades materiais, psíquicas e espirituais. Ignorar essa valoração ao praticar atos que produzam algum efeito sobre a pessoa humana, seja diretamente sobre ela ou através de modificações do meio em que a pessoa existe, é reduzir a pessoa à condição de coisa, retirando dela sua dignidade. Isto vale tanto para as ações de governo, para as atividades que afetem a natureza, para empreendimentos econômicos, para ações individuais ou coletivas, como também para a criação e aplicação de tecnologia ou para qualquer atividade no campo da ciência.” (http://www.portalmedico.org.br/biblioteca_virtual/bioetica/ParteIIIdireitoshumanos.htm)

Interessante notar que, se uma pessoa assassinar um feto de um animal em extinção, isso constitui-se em crime inafiançável contra a natureza. Esse é o nosso governo! 

A POSIÇÃO CRISTÃ DIANTE DISSO?

Somente com as declarações acima, podemos perceber que, é papel do governo, elaborar programas às mães que não possuem condições de criar seus filhos. O Estado deve oferecer-lhes amparo financeiro, clínico e psicológico durante o período da gestação (mesmo em casos de estupro). Porém, o que fazer diante de líderes religiosos que tomam posição favorável ao aborto? Segui-los? Obviamente não! 

Dos muitos líderes religiosos, há um muito peculiar. O autodenominado “bispo” chamado Edir Macedo, que, por sua vez ampara o plano de governo em vigor. Apoia os programas de aborto, e, isso tudo abertamente! Infelizmente tal líder arrasta multidões para sua religião, e influencia o mesmo número com suas ideias heréticas! Veja as declarações em suas próprias palavras:




Que posição contrária ao do Cristianismo Bíblico! É papel de líderes e teólogos cristãos, apoiar a cosmovisão Bíblica, não ideologias políticas e filosofias espúrias que circulam o pensamento moderno. A Bíblia é totalmente contrária a tal procedimento. Ela entende que a vida começa já na concepção (assim como as declarações universais citadas). E, qualquer um que se diz cristão deve ter isso em mente - e em prática - como norma de fé e moral. Vejamos alguns textos Bíblicos:

Aquele que me formou no ventre não os fez também a eles? Ou não nos formou do mesmo modo na madre?” (Jó 31.15). 

Quanto menos aquele que não faz acepção das pessoas de príncipes, nem estima o rico mais do que o pobre; porque são todos obra de suas mãos” (Jó 34.19).

Assim diz o Senhor que te criou e te formou desde o ventre e que te ajudará: não temas ó Jacó, servo meu” (Isaías 44.2). 

Assim diz o Senhor teu Redentor e que te formou desde o ventre: Eu sou o Senhor que faço todas as coisas.” (Isaías 44.24).

Tu possuíste os meus rins, entreteceste-me no ventre de minha mãe. Eu te louvarei porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras e a minha alma o sabe muito bem. Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nenhum deles havia ainda.” (Salmo 139.13-16)

Antes que eu te formasses no ventre materno, eu te conheci e antes que saísses da madre, te consagrei; e te constitui profeta às nações.” (Jeremias 1.5).

Percebemos que, a Bíblia, diz que a vida tem início já na sua formação fetal. Qualquer pensamento contrário a isso, constituísse em crime hediondo. É um assassinato brutal e atentado contra uma vida inocente. Por isso na Lei Mosaica existiam cláusulas que protegiam o feto:

Se alguns homens pelejarem e ferirem uma mulher grávida e lhe causarem o aborto, embora não haja morte, certamente serão multados, conforme o que o marido determinar, e pagarão diante dos juízes. Mas, se houver morte, então darás vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé.” (Êxodo 21.22-24).

Um verdadeiro teólogo, pensador e cristão Reformado, João Calvino, em uma de suas preleções, expressou-se de forma muito profícua sobre o aborto, condenando-o segundo a cosmovisão Bíblica:

O feto, mesmo apegado ao ventre da mãe, é contudo um ser humano e é um crime monstruoso roubar-lhe a vida antes que ele possa usufruí-la. Se nos parece mais horrível matar um homem em sua própria casa do que no campo, porque a casa de um homem é o lugar de refúgio mais seguro, deve parecer-nos maior atrocidade destruir um feto no ventre, antes que ele seja dado à luz”.

Até os gregos antigos (pagãos) tinham como ética médica a valorização e a manutenção da vida. Por esse motivo Paulo exclamou:

Porque, quando os gentios, que não te lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei. Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando justamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os..." (Romanos 2:14-15)

Tal assertiva paulina torna-se explícita quando atentamos para o juramento de Hipócrates – considerado Pai da Medicina. Juramento este que todo médico formado o pronuncia (com algumas modificações), para assim exercer a profissão:

"Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higeia e Panacea, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.

Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar danos ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva. 

Conservarei imaculada minha vida e minha arte. 

Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam. 

Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados. 

Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto. 

Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça." (Juramento de Hipócrates - Jacques Jouanna Fayard. Paris, 1992)

Mas o “bispo” Edir Macedo nem ensina e pratica o que o Cristianismo Genuíno apregoa; e, muito menos os que os pagãos praticavam. Drástico! Um conselho aos seus correligionários é que parem de ser leigos sublevados por promessas vãs, e deixem de frequentar as “igrejas” de tais líderes. Não sejam néscios guiados por cegos. O próprio reformador João Calvino exclamou: 

A fé não consiste na ignorância, mas no conhecimento.” (João Calvino)

Não sejam incapazes à ponto de virar as costas para o Evangelho, dando ouvidos a pessoas inescrupulosas, que agem de tal forma para terem benefícios políticos e financeiros. É por isso que a Bíblia narra as próprias palavras do Senhor Jesus instruindo-nos enfaticamente:

Pois serão muitos os que virão em meu nome, afirmando: ‘Sou eu’; e iludirão multidões.” (Marcos 13:6)

Rômulo Lima
(Acadêmico em Teologia e Apologética Aplicada) 

terça-feira, 24 de novembro de 2015

A CONFISSÂO DE FÉ DE WESTIMISNTER REFUTA CLARAMENTE O SONO DA ALMA E O ANIQUILACIONISMO


"E aconteceu que, saindo-se-lhe a alma (porque morreu), chamou-lhe Benoni; mas seu pai chamou-lhe Benjamim. (Gênesis 35:18)

O que somos, de onde viemos e para onde vamos? Essas perguntas são um mistério para Filosofia e para a Ciência Natural; porém, em Teologia, elas possuem respostas fidedignas. Envolvem os elementos que constituem o homem: corpo-alma/espírito. Abrange também a morte, e o destino do homem: céu ou inferno envolvendo também a Soteriologia (Doutrina da Salvação). As perguntas que a Ciência, com todo o seu avanço e conquistas, ainda não conseguiu responder, a Bíblia responde.

A Antropologia Bíblica é de suma importância para o Cristianismo genuíno. Uma falha nessa doutrina pode perverter outras doutrinas essenciais, completamente.  A Confissão de fé de Westminster condensou muito bem no seu capítulo 32 o que é o homem - a coroa da criação de Deus.

Tal Confissão foi a última das confissões formuladas durante o período da Reforma. Até agora tem havido na história da Igreja somente dois períodos que se distinguiram pelo número de credos ou confissões que neles foram produzidos. O primeiro pertence aos séculos IV e V, que produziram os credos formulados pelos concílios ecumênicos de Niceia, Constantinopla, Éfeso e Calcedônia; o segundo sincroniza com o período da Reforma. Os símbolos do primeiro período chamam-se "credos", os do segundo "confissões".

Uma comparação entre o Credo dos Apóstolos, por exemplo, e a Confissão de Westminster mostrará a diferença. O Credo é a fórmula de uma fé pessoal e principia com a palavra "Creio". A Confissão de Fé de Westminster segue o plano adotado no tempo da Reforma, é mais elaborada e apresenta um pequeno sistema de teologia.

Nela, vale ressaltar, sendo esta confissão, uma pequena demonstração da  analise Bíblica, de que o homem é dicotômico, ou seja, formado por duas partes: corpo (parte material), e alma/espírito (parte imaterial). Notemos o capítulo e sua total relação com que a Bíblia nos expressa sobre o homem, sua composição, e seu estado depois da morte.

CAPÍTULO XXXII - DO ESTADO DO HOMEM DEPOIS DA MORTE E DA RESSURREIÇÃO DOS MORTOS

PARÁGRAFO I. Os corpos dos homens, depois da morte, convertem-se em pó e vêm à corrupção; mas as suas almas (que nem morrem nem dormem), tendo uma substância imortal, voltam imediatamente para Deus que as deu. As almas dos justos, sendo então aperfeiçoadas na santidade, são recebidas no mais alto dos céus onde vêm a face de Deus em luz e glória, esperando a plena redenção dos seus corpos; e as almas dos ímpios são lançadas no inferno, onde ficarão, em tormentos e em trevas espessas, reservadas para o juízo do grande dia final. Além destes dois lugares destinados às almas separadas de seus respectivos corpos as Escrituras não reconhecem nenhum outro lugar.

REFERÊNCIAS:

No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás.” (Gênesis 3:19)

"Porque, na verdade, tendo Davi no seu tempo servido conforme a vontade de Deus, dormiu, foi posto junto de seus pais e viu a corrupção." (Atos 13:36)

"E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso." (Lucas 23:43)

"E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu." (Eclesiastes 12:7)

"E ouvi o número dos selados, e eram cento e quarenta e quatro mil selados, de todas as tribos dos filhos de Israel." (Apocalipse 7:4)

"Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus." (2 Coríntios 5:1)

"Mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor." (2 Coríntios 5:8)

"Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor." (Filipenses 1:23)

"O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio." (Atos 3:21)

"Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas." (Efésios 4:10)

"Então, Jesus bradou com voz forte: “Pai! Em tuas mãos entrego o meu espírito”. E havendo dito isto, expirou."  (Lucas 23:46)

"Assim, enquanto apedrejavam Estevão, este declarava em oração: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito!” (Atos 7:19)

"E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado. E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio. E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado." (Lucas 16:22-25)

PARÁGRAFO II. No último dia, os que estiverem vivos não morrerão, mas serão mudados; todos os mortos serão ressuscitados com os seus mesmos corpos e não outros, posto que com qualidades diferentes, e ficarão reunidos às suas almas para sempre.

REFERÊNCIAS:

"Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor" (1 Tessalonicenses 4:17)

"Assim também a ressurreição dentre os mortos. Semeia-se o corpo em corrupção; ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor." (1 Coríntios 15:42,43)

"Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados" (1 Coríntios 15:51,52)

PARÁGRAFO III. Os corpos dos injustos serão pelo poder de Cristo ressuscitados para a desonra, os corpos dos justos serão pelo seu Espírito ressuscitados para a honra e para serem semelhantes ao próprio corpo glorioso dele.

REFERÊNCIAS: 

"Tendo esperança em Deus, como estes mesmos também esperam, de que há de haver ressurreição de mortos, assim dos justos como dos injustos." (Atos 24:15)

"Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação." (João 5:28,29)

"Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas." (Filipenses 3:21)

Com esse pequeno esboço exposto, ainda há grupos ditos “reformados”, crendo que a morte é um sono (para parte imaterial do ser humano) e que no dia da ressurreição, nós seremos ressurretos para irmos para os Céus, ou sermos aniquilados. Essas doutrinas são inconcebíveis com o verdadeiro Cristianismo.

Em Cristo

Rômulo Lima
(Acadêmico em Teologia e Apologética Aplicada)

O QUE É A ALMA?


Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma.” (Levítico 17:11 - Almeida Corrigida e Revisada Fiel) 

O ser humano possui parte cabal na escatologia Bíblica. Assim, é de suma importância apresentar um entrosamento a respeito do que é o homem e da sua composição. É muito comum mortalistas, defensores do sono da alma e aniquilacionistas tomarem textos como o supracitado, aplicando um sentido diferente. Uma desconexão hermenêutica na sustentação de que não há no homem uma parte imaterial consciente.  

Nesse aspecto da humanidade não pode haver dúvidas sobre a questão da alma e seu uso na Bíblia. Nas Escrituras um único termo pode ter significados totalmente diversos. Devemos examinar a etimologia, a semântica, o contexto cultural da época, a finalidade de um escrito, para quem foi escrito, a aplicação do que foi escrito, etc.

Tomemos a palavra "alma" e vejamos seu significado etimológico e a gama de aplicações que esse mesmo termo pode ser usado. 

No Antigo Testamento:   נפש (naphash).
No Novo Testamento: ψυχη (psyché).

O verbete "נפש" (naphash) é traduzido por "alma" mais de 500 vezes no Antigo Testamento; e, o verbete "ψυχη" (psyché) é a tradução de "alma", no Novo Testamento, mais de 30 vezes.

Vejamos alguns exemplos e aplicações desse termo tão controvertido:

ALMA COM O SENTIDO DE  “POSSUIDORA DA VIDA”, “SOPRO DE VIDA” ou “FÔLEGO DE VIDA”

Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.” (Gênesis 2:7)

Nesse sentido o termo “alma”, é aplicado tanto aos homens, como aos animais irracionais:

Disse também Deus: Povoem-se as águas de enxames de seres viventes; e voem as aves sobre a terra, sob o firmamento dos céus.” (Gênesis 1:20)

E disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie: gado, e répteis e bestas-feras da terra conforme a sua espécie. E assim foi.” (Gênesis 1:24)

“E a todos os animais da terra, e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento. E assim se fez.” (Gênesis 1:30)

Nessa aplicação o termo “alma” não difere dos animais. O “fôlego de vida” dos animais é como o ser humano, pois eles também a tem no mesmo sentido. Foi justamente essa aplicação que Salomão fez o seu diagnóstico de “alma” em Eclesiastes:  

Disse ainda comigo: é por causa dos filhos dos homens, para que Deus os prove, e eles vejam que são em si mesmos como os animais. Porque o que sucede aos filhos dos homens sucede aos animais; o mesmo lhes sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego de vida, e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais; porque tudo é vaidade. Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão. Quem sabe se o fôlego de vida dos filhos dos homens se dirige para cima e o dos animais para baixo, para a terra?” (Eclesiastes 3:18-21)

Obviamente não se podem conferir os demais animais com o homem, porque este se constitui à imagem e semelhança de Deus:   

Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gênesis 1:27)

ALMA COMO SANGUE OU ELEMENTO PRIMORDIAL DA VIDA FÍSICA:

Carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis.” (Gênesis 9:4)

Qualquer homem da casa de Israel ou dos estrangeiros que peregrinam entre vós que comer algum sangue, contra ele me voltarei e o eliminarei do seu povo. Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida. Portanto, tenho dito aos filhos de Israel: nenhuma alma de entre vós comerá sangue, nem o estrangeiro que peregrina entre vós o comerá. Qualquer homem dos filhos de Israel ou dos estrangeiros que peregrinam entre vós que caçar animal ou ave que se come derramará o seu sangue e o cobrirá com pó. Portanto, a vida de toda carne é o seu sangue; por isso, tenho dito aos filhos de Israel: não comereis o sangue de nenhuma carne, porque a vida de toda carne é o seu sangue; qualquer que o comer será eliminado.” (Levítico 17:10-14)

Obviamente esse mesmo sentido para o termo “alma” como sinônimo de “sangue”, aplica-se também aos animais irracionais.

ALMA COM O SENTIDO DE  “ESTADO PSÍQUICO DO SER HUMANO". 

Essa aplicação refere-se aos vários estados de consciência humana:

ALMA COMO SEDE DO DESEJO E APETITE FÍSICO:

E o povo falou contra Deus e contra Moisés: Por que nos fizestes subir do Egito, para que morramos neste deserto, onde não há pão nem água? E a nossa alma tem fastio deste pão vil.” (Números 21:5)

Porém, consoante todo desejo da tua alma, poderás matar e comer carne nas tuas cidades, segundo a bênção do SENHOR, teu Deus; o imundo e o limpo dela comerão, assim como se come da carne do corço e do veado.” (Deuteronômio 12:15 )

ALMA COMO ORIGEM DAS EMOÇÕES:

Acaso, não chorei sobre aquele que atravessava dias difíceis ou não se angustiou a minha alma pelo necessitado?” (Jó 30:25)

Alegra a alma do teu servo, porque a ti, Senhor, elevo a minha alma.” (Salmos 86:4)

ALMA COMO VONTADE E AÇÃO MORAL: 

No seu conselho, não entre minha alma; com o seu agrupamento, minha glória não se ajunte; porque no seu furor mataram homens, e na sua vontade perversa jarretaram touros.” (Gênesis 49:6)

De lá, buscarás ao SENHOR, teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma.” (Deuteronômio 4:29)

É muito óbvio que o termo “alma” nesse sentido só faz a referência a seres humanos. A pessoas psicológicas! 

ALMA NO SENTIDO DE PESSOA, DE INDIVÍDUO:

E tomou Abrão a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e toda a sua fazenda, que haviam adquirido, e as almas que lhe acresceram em Harã; e saíram para irem à terra de Canaã; e vieram à terra de Canaã.” (Gênesis 12:5)

E os filhos de José, que lhe nasceram no Egito, eram duas almas. Todas as almas da casa de Jacó, que vieram ao Egito, foram setenta.” (Gênesis 46:27)

Porém qualquer que fizer alguma dessas abominações, as almas que [as] fizerem serão extirpadas do seu povo.” (Levítico 18:29)

Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá.” (Ezequiel 18:4)

ALMA COMO EXISTÊNCIA OU VIDA FÍSICA E HUMANA:

Senhor, mataram os teus profetas e derribaram os teus altares; e só eu fiquei, e buscam a minha alma?” (Romanos 11:3)

Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante.” (Coríntios 15:45)

Assim nós, sendo-vos tão afeiçoados, de boa vontade quiséramos comunicar-vos, não somente o evangelho de Deus, mas ainda a nossa própria alma; porquanto nos éreis [muito] queridos.” (1 Tessalonicenses 2:8)

ALMA COMO DESEJO E INTENÇÃO PSICOLÓGICA:

Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo, para que, ou indo ver-vos ou estando ausente, ouça, no tocante a vós outros, que estais firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica.” (Filipenses 1:27)

Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum.” (Atos 4:32)

ALMA COMO EXISTÊNCIA APÓS A MORTE – PARTE IMATERIAL E ETERNA DO HOMEM:  

E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.” (Mateus 10:28)

Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” ( Mateus 16:26)

Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma, e o que tens preparado para quem será?” (Lucas 12:20)

Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam.” (Apocalipse 6:9)

É nessa última aplicação que os sustentadores de doutrinas estranhas são mais titubeantes. Dão sentidos hermenêuticos completamente distorcidos, e aplicando a “eisegese”, ou seja, levando um conceito ao texto Bíblico.  A parte imaterial e eterna do ser humano foi a causa do autor de Hebreus vociferar:

E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo.” (Hebreus 9:27)

Em Cristo

Rômulo Lima
(Acadêmico em Teologia e Apologética Aplicada)