"Outro Anjo veio postar-se junto ao altar, com um turíbulo de ouro. Deram-lhe uma grande quantidade de incenso para que o oferecesse com as orações de todos os santos, sobre o altar de ouro que está diante do trono. E, da mão do Anjo, a fumaça do incenso com as orações dos santos subiu diante de Deus." (Apocalipse 6:3-4 - Bíblia de Jerusalém)
Este texto Bíblico de Apocalipse é um dos textos mais difíceis do livro Bíblico. E nele muitas seitas e movimentos contraditórios sustentam o culto, veneração e busca por aparições sobrenaturais. Como é de praxe dos muitos movimentos que sustentam doutrinas heterodoxas, a "eisegese", ou seja, dar ao texto Bíblico um ensino já imposto pela religião, criando assim um grande problema em tomar dogmas de fé, e de sustentá-los mesmo que contrariem outros muitos textos Bíblicos.
Isso é típico de uma hermenêutica inclusiva, ou seja, o intérprete já chega ao texto Bíblico com o conceito que recebeu - seja ele certo ou não - e certamente não extrairá o ensino Bíblico adequado.
Vamos a Bíblia. O que está acontecendo no céu é uma representação dos procedimentos da Antiga Aliança, onde os anjos tem a mesma função dos sacerdotes no Antigo Testamento (Cuidam do Templo, sacrificam, acendem incenso, cantam, etc)
Antes de as sete trombetas soarem, João teve uma visão de um episódio breve, com um significado claro mas com detalhes difíceis. A visão do anjo que oferece incenso no altar concorda com a verdades simples, já expressa na oração das almas dos mártires sob o altar em Apocalipse 6:9-11. Que verdades? Que o julgamento de Deus cairá sobre o mundo em resposta a oração dos santos. João viu este "anjo". Muitos comentadores têm a impressão de que este anjo deve ser o próprio Cristo, porque a Bíblia não ensina nada sobre o papel mediador dos anjos nas orações do povo de Deus. Em Daniel 9:20 e 10:10, o anjo Gabriel é "mediador", no sentido de anunciador, trazendo a Daniel a resposta à sua oração.
Hebreus 1:14 nos fala que os anjos, estão à disposição dos santos para algum serviço. Não é MEDIAÇÃO, porque os santos são sacerdotes diante de Deus (Hebreus 1:6; 5:10), ou seja, eles têm acesso direto a Deus. Mas de alguma maneira que nós não conhecemos.
Porém isso não nos dá a entender que devemos cultuá-los; que devemos tê-los como mediadores, pois contraditaria versos Bíblicos que ensina a mediação ÚNICA e Universal de Cristo de forma latente:
"Agora, porém, Cristo possui um ministério superior. Pois é ele o mediador; de uma aliança bem melhor, cuja constituição se baseia em melhores promessas." (Hebreus 8:6 - Bíblia de Jerusalém)
"Eis por que ele é mediador de uma nova aliança. A sua morte aconteceu para o resgate das transgressões cometidas no regime da primeira aliança" (Hebreus 9:15 - Bíblia de Jerusalém)
"Mas vós vos aproximastes do monte Sião e da Cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e de milhões de anjos reunidos em festa, e da assembleia dos primogênitos cujos nomes estão inscritos nos céus, e de Deus, o Juiz de todos, e dos espíritos dos justos que chegaram à perfeição, e de Jesus, MEDIADOR de uma nova aliança, e do sangue da aspersão mais eloquente que o de Abel." (Hebreus 12:22-24 - Bíblia de Jerusalém)
O "culto aos anjos” era uma das doutrinas heréticas ensinadas na Igreja de Colossos:
"Ninguém vos prive do prêmio, com engodo de humildade, de culto dos anjos, indagando de coisas que viu, inchado de vão orgulho em sua mente carnal, ignorando a Cabeça, pela qual todo o Corpo, alimentado e coeso pelas juntas e ligamentos, realiza o seu crescimento em Deus." (Colossenses 2:18 - Bíblia de Jerusalém)
Ainda no próprio livro de Apocalipse um anjo adverte João para que ele não o adore, cultue ou venere:
“Caí então a seus pés para adorá-lo, mas ele me disse: "Não! Não o faças! Sou servo como tu e como teus irmãos que têm o testemunho de Jesus. É a Deus que deves adorar!" Com efeito, o espírito da profecia é o testemunho de Jesus.” (Apocalipse 19:10 - Bíblia de jerusalém).
A Bíblia nos exorta constantemente que devemos orar somente a Deus, o único que é Onipotente e, assim, capaz de responder à oração; o único que é Onisciente e, portanto, capaz de ouvir as orações de todo o seu povo de uma só vez.
Paulo nos adverte contra o pensamento de que outro “mediador” possa estar entre nós e Deus:
"Pois há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, um homem, Cristo Jesus." (1 Timóteo 2:5 - Bíblia de Jerusalém)”
Quando esse procedimento (de oração aos anjos e santos) é posto em prática, estamos implicitamente atribuindo-lhes posição igual à de Deus, pois a Onisciência é um atributo divino incomunicável, ou seja, as CRIATURAS não possuem!
Não há exemplo na Escritura de alguém orando a um anjo específico ou pedindo ajuda a anjos. Até mesmo a busca por aparições de anjos ou santos não é vista na Bíblia. Os anjos se manifestam a nós de forma que não os vemos. Buscar tais aparições parece indicar curiosidade doentia ou o desejo por uma espécie de evento espetacular em vez do amor a Deus e a devoção a ele e à sua obra.
Mesmo que os anjos tenham realmente aparecido em várias ocasiões na Escritura, com toda a certeza as pessoas a quem eles apareceram nunca procuraram essas aparições. Nosso papel é antes orar a Deus na mediação do Senhor Jesus, que é o próprio comandante das forças angelicais. Contudo, não parece errado pedir a Deus para cumprir a promessa de enviar anjos para proteger-nos, que está em sua Palavra:
"pois em teu favor ele ordenou aos seus anjos que te guardem em teus caminhos todos." (Salmos 91(92):11 - Bíblia de Jerusalém)
Porquanto, atentando sempre que, é Jesus Cristo o mediador da Aliança ao qual pertencemos. E, é Ele (Deus Todo-Poderoso) portanto portador do atributo de Onisciência, capaz de ouvir-nos, e interceder por nós como Sumo-Sacerdote, consumador do Excelente Sacrifício:
"Por isso é capaz de salvar totalmente aqueles que, por meio dele, se aproximam de Deus, visto que ele vive para sempre para interceder por eles." (Hebreus 7:25 - Bíblia de Jerusalém)
Rômulo Lima
(Acadêmico em Teologia e Apologética Aplicada)
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