Pode-se afirmar seguramente, analisando a Bíblia e a História, que Pedro jamais esteve em Roma (Ao menos no tempo assegurado pela Igreja Católica). A doutrina da tradição católica é que Pedro foi bispo em Antioquia por sete anos, alcançando depois disso o bispado de Roma, onde esteve por vinte e cinco anos, padecendo o martírio no mesmo dia em que Paulo o sofrera, no ano 67 da Era Cristã.
Conforme essa hipótese, Pedro foi o primeiro papa desde o ano 42,(http://sacraeclesia.blogspot.com.br/p/igreja.html [L' Osservatore Romano , Ano LXIII , número 12]) até a sua morte em 67 — portanto, durante 25 anos. Mas a conversão de Paulo aconteceu no ano 35, e ele mesmo diz ter estado 14 anos depois em Jerusalém, onde se encontrou com Pedro:
“Catorze anos mais tarde, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também Tito comigo. (...) “Tiago, Cefas e João, que são considerados as colunas, reconhecendo a graça que me foi dada, deram as mãos a mim e a Barnabé em sinal de pleno acordo:” (Gálatas 2:1,9 – Versão católica: Bíblia Ave Maria).
Jerusalém seria então a sede do papado, e não Roma, e quando Paulo regressou a Jerusalém, foi para dizer que tinha a responsabilidade de evangelização dos gentios:
“Ao contrário, viram que a evangelização dos incircuncisos me era confiada, como a dos circuncisos a Pedro (porque aquele cuja ação fez de Pedro o apóstolo dos circuncisos, fez também de mim o dos pagãos).” (Gálatas 2:7-8 – Versão católica: Bíblia Ave Maria).
Outro fato: Paulo escreveu a Epístola aos Romanos em 57/58, conforme mencionado na explicação de introdução a essa carta na Bíblia Católica, sobre o imprimatur de Dom Lucas Cardeal Moreira Neves, Arcebispo de Salvador BA, Primaz do Brasil, o então presidente da CNBB – 50ª Edição que versa:
“Durante a terceira viagem (57/58), enquanto se achava em Corinto, julgou ter chegado o momento de executar o ambicioso projeto. Havia concluído a tarefa de pregar o Evangelho aos pagãos do Oriente (Rm 15:19). Após levar os resultados da coleta organizada na Macedônia e na Acaia aos pobres de Jerusalém, iria a Roma e depois a Espanha (15:15-29). Por isso escreve a epístola aos Romanos a fim de prepará-los para sua visita.”
Pelos cálculos católicos, Pedro seria papa em Roma havia 15 anos (no caso da carta ser escrita em 58: 16 anos). No fim da epístola, Paulo menciona o nome de 26 pessoas suas conhecidas, com ele relacionadas, e não faz nenhuma referência a Pedro. No ano 60 (dois ou três anos mais tarde) Paulo chega preso a Roma e muitos irmãos vão recebê-lo, mas ainda não se menciona o nome de Pedro, que, "sendo papa", deveria ser conhecido pelos cristãos que lá estavam:
“Ao termo de três meses, embarcamos num navio de Alexandria, que havia passado o inverno na ilha. Este navio levava por insígnias os Dióscuros. Fizemos escala em Siracusa, onde ficamos três dias. De lá, seguindo a costa, atingimos Régio. No dia seguinte, soprava o vento sul e chegamos em dois dias a Pozzuoli. Ali encontramos irmãos que nos rogaram que ficássemos na sua companhia sete dias. Em seguida, nos dirigimos a Roma. Os irmãos de Roma foram informados de nossa chegada e vieram ao nosso encontro até o Foro de Ápio e as Três Tavernas. Ao vê-los, Paulo deu graças a Deus e se sentiu animado. Chegados que fomos a Roma, foi concedida licença a Paulo para que ficasse em casa própria com um soldado que o guardava. Três dias depois, Paulo convocou os judeus mais notáveis. Estando reunidos, disse-lhes: Irmãos, sem cometer nada contra o povo nem contra os costumes de nossos pais, fui preso em Jerusalém e entregue nas mãos dos romanos." (Atos 28:11-17 – Versão Católica: Bíblia Ave Maria).
Paulo alugara uma casa em Roma e não procurara Pedro, "o suposto primeiro papa". É porque Pedro não estava lá. A Bíblia diz que Paulo estivera ali por dois anos:
“Paulo permaneceu por dois anos inteiros no aposento alugado, e recebia a todos os que vinham procurá-lo.” (Atos 28:30 – Versão Católica – Bíblia Ave Maria).
Nesse período, escreve várias cartas aos crentes, nas quais envia saudações de muitos irmãos sem jamais citar o nome de Pedro, ou do bispo que existisse em Roma. Quando escreveu aos Colossenses, citou o nome de diversos irmãos e acrescentou:
“Saúda-vos Aristarco, meu companheiro de prisão, e Marcos, primo de Barnabé, a respeito do qual já recebestes instruções. (Se este for ter convosco, acolhei-o bem) Também Jesus, chamado o Justo, vos saúda. São os únicos da circuncisão que trabalham comigo no Reino de Deus. Eles se têm tornado a minha consolação." (Colossenses 4: 10-11),
O que é isso? Vejam que Paulo não mencionou Pedro. Uma figura "importante" como o “Papa” jamais seria esquecida pelo apóstolo. E, ainda acrescentou que os únicos de origem judia em sua presença eram Aristarco, Marcos, primo de Barnabé, e Jesus, chamado justo. Algum tempo depois, Paulo foi julgado por Nero e posto em liberdade. Mais tarde escreveu:
“Em minha primeira defesa não houve quem me assistisse; todos me desampararam! (Que isto não seja imputado)." (2 Timóteo 4:16 – Versão católica: Bíblia Ave Maria).
Mas Pedro amava a Paulo com amor cristão, reconhecia-o como um doutrinador da igreja e expressava isso abertamente. Pedro confessa em 2 Pedro 3:15: “Reconhecei que a longa paciência de nosso Senhor vos é salutar, como também vosso caríssimo irmão Paulo vos escreveu, segundo o dom de sabedoria que lhe foi dado.”
Por que Pedro haveria de se omitir? Pelos motivos lógicos, verdadeiros e aqui demonstrados: Pedro jamais estivera em Roma. Notemos mais um fato. A segunda Epístola a Timóteo foi escrita por Paulo, em Roma, no ano 64, próximo de sua morte:
“Quanto a mim, estou a ponto de ser imolado e o instante da minha libertação se aproxima.” (2 Timóteo 4:6 – Versão Católica: Bíblia Ave Maria)
E nessa epístola ele envia saudações de muitos companheiros seus em Roma:
“Apressa-te a vir antes do inverno. Saúdam-te Êubulo, Pudente, Lino, Cláudia e todos os irmãos.” (2 Timóteo 4:21), depois de ter mencionado, no versículo 11: " Só Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, porque me é bem útil para o ministério". Ele faz mais saudações finais e ainda dessa vez não cita o nome de Pedro. Definitivamente, Pedro nunca esteve em Roma como ensina o Catolicismo.
ONDE ESTAVA PEDRO?
Tracemos um pequeno paralelo dos locais onde o Apóstolo estava. Em 45 d.C., encontramos Pedro sendo posto na prisão, em Jerusalém:
“E, vendo que isto agradava aos judeus, mandou prender também a Pedro. Era nos dias dos Pães sem fermento. Tendo-o, pois, feito deter, lançou-o na prisão, entregando-o à guarda de quatro piquetes, de quatro soldados cada um, tencionando apresentá-lo ao povo depois da Páscoa. Mas, enquanto Pedro estava sendo mantido na prisão, fazia-se incessantemente oração a Deus, por parte da Igreja, em favor dele.” (Atos 12:3-5 – Versão Católica: A Bíblia de Jerusalém).
Em 49 d.C., ele ainda permanece em Jerusalém, participando do Concílio de Jerusalém, onde faz um discurso, porém o concílio é presidido por Tiago, irmão do Senhor, o qual dá o parecer final. Este parecer é narrado em Atos 15:13-21.
Aqui segue o discurso de Pedro no Concílio de Jerusalém:
“Então, alguns dos que tinham sido da seita dos fariseus, mas haviam abraçado a fé, intervieram: diziam que era preciso circuncidar os gentios e prescrever-lhes que observassem a Lei de Moisés. Reuniram-se então os apóstolos e os anciãos para examinarem o problema. Tornando-se acesa a discussão, levantou-se Pedro e disse: "Irmãos, vós sabeis que, desde os primeiros dias, aprouve a Deus, entre vós, que por minha boca ouvissem os gentios a palavra da Boa Nova e abraçassem a fé. Ora, o conhecedor dos corações, que é Deus, deu testemunho em favor deles, concedendo-lhes o Espírito Santo assim como a nós. Não fez distinção alguma entre nós e eles, purificando seus corações pela fé. Agora, pois, por que tentais a Deus, impondo ao pescoço dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem mesmo nós pudemos suportar? Ao contrário, é pela graça do Senhor Jesus que nós cremos ser salvos, da mesma forma que eles". Então, toda a assembléia silenciou. E passaram a ouvir Barnabé e Paulo narrando quantos sinais e prodígios Deus operara entre os gentios por meio deles." (Atos 15:5-12 – Versão Católica: A Bíblia de Jerusalém)
Em 51 d.C., ele esteve em Antioquia da Síria, onde teve um desentendimento com Paulo, por ter se recusado a comer com os gentios (não judeus):
“Mas quando Cefas veio a Antioquia, eu o enfrentei abertamente, porque ele se tinha tornado digno de censura." (Gálatas 2:11 – Versão Católica: A Bíblia de Jerusalém)
Seria muito estranho o Bispo de Roma não querer ter coisa alguma a ver com os gentios. É o mesmo que o senhor Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, chegar ao Brasil, e ficar sempre com os judeus e desprezar os católicos.
Mais tarde, em cerca de 66 d.C, encontramos onde Pedro estava: na Babilônia, entre os judeus: “A que está em Babilônia, eleita como vós, vos saúda, como também Marcos, o meu filho...” (1 Pedro 5:13 – Versão Católica: A Bíblia de Jerusalém)
É fato de que Pedro era o apóstolo aos circuncisos (isto é, apóstolo para os judeus). Então por que estaria ele na Babilônia da Mesopotâmia? É certo que babilônia era uma cidade ativa no século 1º e 2º d.C. Isto é comprovado por textos babilônicos datados do ano 100 da era Cristã, e pela presença de judeus devotos que residiam lá, e compareceram a Jerusalém no dia do Pentecostes:
“Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos vindos de todas as nações que há debaixo do céu. Com o ruído que se produziu a multidão acorreu e ficou perplexa, pois cada qual os ouvia falar em seu próprio idioma. Estupefatos e surpresos, diziam: "Não são, acaso, galileus todos esses que estão falando? Como é, pois, que os ouvimos falar, cada um de nós, no próprio idioma em que nascemos? Partos, medos e elamitas; habitantes da Mesopotâmia, da Judéia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frigia e da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia próximas de Cirene; romanos que aqui residem; tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, nós os ouvimos apregoar em nossas próprias línguas as maravilhas de Deus!" (Atos 2:5-11 – Versão Católica: A Bíblia de Jerusalém)
A Dispersão dos judeus da Babilônia durou pouco, e foi apenas uma das muitas perseguições que os judeus sofreram como Flávio Josefo nos mostra. (História dos Hebreus – Antiguidades Judaicas - Livro Décimo Oitavo, Capítulos 6-12)
A história mostra que havia muitos judeus nas áreas da Mesopotâmia no tempo de Cristo do mesmo modo como havia na Palestina. Babilônia existia como uma pequena cidade as margens do rio Eufrates no século 1º. Não é de admirar, portanto, que Pedro ali estivesse. Lembrando que Babilônia só é descrita figuradamente depois da compilação do livro de Apocalipse entre os anos 90 da era Cristã. 1ª Pedro, porém foi compilada em 65/66.
No tempo em que os padres católicos ensinam aos seus fieis que Pedro estava em Roma, a Bíblia mostra claramente, que ele estava em um lugar diferente. A evidência é abundante e conclusiva. Quando alguém presta atenção à exata Palavra de Deus, não necessita ser ludibriado. Pedro nunca foi o Bispo de Roma.
“O desespero provocado pela carência de argumentos em que se possa basear a suposta estada de Pedro em Roma é tão grande que o Papa Pio XII, em 1939, resolveu mandar proceder a escavações no subsolo da Basílica de S. Pedro no intuito de encontrar a sepultura e os ossos do Apóstolo-pescador. Vedou aos arqueólogos estranhos aos trabalhos a aproximação do local. E na sua mensagem de natal do ano de 1950, afirmou categoricamente que havia sido descoberto o "túmulo do príncipe dos Apóstolos". Deu-se tão mal, porém: o novo embuste não "colou". O próprio E. Kirschbaum, um dos dirigentes dessa escavação arqueológica, contestou o papa desesperado. Pio XII, contraditado por muitos outros arqueólogos de fama internacional, inclusive o teólogo católico A. M. Schneider, nunca mais falou sobre o assunto, que ficou encerrado como os trabalhos daquelas escavações.” (Anibal Pereira Reis:. O papa escravizará os cristãos? São Paulo: Caminho de Damasco, 1967. p. 76.)
Rômulo de Lima
(Acadêmico em Teologia e Apologética Aplicada)
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