“Porquanto
se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e
pestes, e terremotos, em vários lugares.” (Mateus 24:7)
Tenho visto muitas
pessoas, erroneamente, usar esse texto devido ao termo "peste" ser descrito como um mal que se espalhará por vários lugares, para propagar a ideia de que o quadro pandêmico
de Covid-19, que estamos passando, é o princípio do “apocalipse”. Um equívoco! O brasileiro, infelizmente, tende a não
analisar muito as coisas que lhe são passadas, apenas propaga o que acha ser
verdadeiro, sem fazer uma observação devida. Isso é um resultado da nossa cultura educacional
aos moldes de Paulo Freire, que há anos faz um desserviço ao país (não me
alongarei nessa questão), apenas expus onde o erro começou.
Mas vamos falar do
texto... Uma das ciências que auxilia a Teologia é a hermenêutica. Esse nome
diferente nada mais é do que o estudo da interpretação. Ele deriva do deus
grego Hermes, que na mitologia grega era o mensageiro do Olimpo. O responsável
por entregar e interpretar as mensagens das divindades.
Quando nós explicamos
um texto bíblico, não devemos aplicar situações externas para trazer a luz o
que queremos, mas sim ao contrário. Devemos chegar ao escrito despido de ideias,
para com isso, resgatarmos o sentido mais próximo possível que o autor quis
expressar. E, uma lei fundamental é: nunca despreze o contexto. Se analisarmos
o contexto anterior (o texto que vem antes do verso em estudo) vemos que a
questão torna-se autoexplicativa:
“E ouvireis falar de guerras e de rumores de guerras; olhai,
não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o
fim.” (Mateus 24:6)
Vejamos... Jesus em seu
sermão diz que o espectador ouvirá falar de conflitos e boatos (rumores) de
conflitos. Porém, ele alerta: “olhai!”. Isso aqui é um termo imperativo que
discrimina prudência. Parafraseando: “prestem
atenção!”. Em seguida vem outra ordem em forma de conselho: “não vos assusteis”, ou seja, não fiquem
desesperados, aflitos. É “mister”
(necessário) que as coisas por ele proferidas no sermão aconteça, mas não será
o fim dos tempos. Como a linguagem leiga costuma dizer: não é o “apocalipse”.
Embora o termo "peste" não apareça em Mateus 24:6, o texto deixa claro que, a exortação "não vos assusteis", aplica-se a ele também. Para basilar o que
estou dizendo, temos o auxílio do verso a frente (contexto posterior). O Senhor
Jesus diz:
“Mas todas estas coisas são o princípio de dores.” (Mateus 24:8)
Tudo que está acontecendo
é apenas o começo da situação. Não o fim. E por que não é o fim? Novamente no
contexto posterior veremos quando o fim dos tempos irá suceder-se. Há a
necessidade de que o Evangelho do Reino seja pregado a todas as nações. Por
mais que, aqui no ocidente, achemos, equivocadamente, que todos conhecem o
cristianismo (o autêntico cristianismo/ cristianismo bíblico), no oriente,
principalmente na China – maior país ateu do mundo – isso não está nem perto:
“E este evangelho do
reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então
virá o fim.” (Mateus 24:14)
Usar o versículo de
Mateus 24:7 para disseminar o final dos tempos é uma falta de conhecimento. Um
erro que, apenas aplica a situação atual ao texto, fazendo com isso uma
interpretação inclusiva. Certamente um procedimento que deve ser desprezado. Muitas
religiões (até as que se autodenominam cristãs) vêm tentando predizer os tempos
do fim, e a vinda de Jesus, contudo, o próprio dá uma recomendação para
atentarmos que isso não seja feito:
“Vigiai, pois, porque
não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor.” (Mateus 24:42).
Rômulo Lima
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