domingo, 18 de março de 2018

MARIA TEVE FILHOS ALÉM DO SENHOR JESUS OU NÃO? (Analise do Salmo Messiânico 69 [68] no contexto Neotestamentário)




“Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs, não vivem todas entre nós? Donde lhe vem, pois, tudo isso?” (Mateus 13:55-56 – Versão Católica: Bíblia Ave Maria) 


A teologia católica criou uma ideia extra Bíblica de que, Maria, a mãe do Salvador Jesus Cristo, nunca teve outros filhos (exceto o Senhor). Este texto de Mateus seria suficiente para refutar a doutrina da virgindade perpétua de Maria. O contexto dessa passagem é o seguinte - ao ouvir o ensino de Jesus, os escribas ficaram admirados, porque conheciam a família. Eles sabiam que Jesus era de uma família humilde e ficaram surpreendidos com a erudição, sabedoria e poder de Jesus. Foi para destacar isto que eles mencionaram os nomes do pai e da mãe. Eles estavam falando da família de origem de Jesus e, assim, a menção aos irmãos e irmãs faz perfeito sentido, junto com o pai e a mãe. 

Por outro lado, se esses fossem os familiares mais distantes, tais como primos, não faria sentido algum colocar os seus nomes sem incluir também os nomes do tio e da tia. Os escribas estavam falando da família estabelecida de José e Maria. Nisso analisa proficuamente os teólogos e apologistas Norman Geisler e Ralph MacKenzie:

“Além disso, a palavra "adelphos" é a palavra normal para significar irmão de sangue. Não existe nenhum exemplo no Novo Testamento desta palavra sendo usada para significar “primo”. Se Mateus quisesse dizer primo, ele poderia ter empregado a palavra “anepsios”, que e a palavra normal para primo. O fato de Jesus entregar sua mãe ao cuidado de João, quando estava na cruz (João 19:26), não é uma prova de que ela não tivesse outros filhos, mas sim, que eles apenas não estavam presentes no momento. Era próprio de Jesus deixar sua mãe aos cuidados do único discípulo que o tinha acompanhado até a cruz, já que os irmãos dele ainda não o seguiam.” (Norman Geisler e Ralph MacKenzie, Católicos Romanos e Evangélicos, Página 302)

Mas o que quero sugerir nesse estudo é um exame do Salmo 69 (Nas versões católicas 68), texto Messiânico onde relata a Obra de Nosso Senhor, e, cita diretamente irmãos sanguíneos de Cristo. O cumprimento desse Salmo no sacrifício do Senhor é assaz incrível.

O verso 5 na versão católica Ave Maria se expressa da seguinte forma: “Mais numerosos que os cabelos de minha cabeça são os que me detestam sem razão...” Isso se cumpriu no Novo Testamento: “Mas foi para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-me sem motivo.” (João 15:25 – Versão católica: Bíblia Ave Maria). Esta versão ainda relaciona o texto joanino com outro salmo: “Não se regozijem de mim meus pérfidos inimigos, nem tramem com os olhos os que me odeiam sem motivo...” (Salmos 34:19 – Versão Católica: Bíblia Ave Maria)

Outro verso: “É que o zelo de vossa casa me consumiu, e os insultos dos que vos ultrajam caíram sobre mim.” (Salmos 68:10 – Versão Católica: Bíblia Ave Maria). Esse texto se cumpriu em João que versa: “Lembraram-se então os seus discípulos do que está escrito: “O zelo da tua casa me consome” (João 2:17 – Versão Católica: Bíblia Ave Maria)

Mais um texto: “Puseram fel no meu alimento, na minha sede deram-me vinagre para beber.” (Salmos 68:22 – Versão Católica: Bíblia Ave Maria). Cumprimento: “Deram-lhe de beber vinho misturado com fel. Ele provou, mas se recusou a beber.” (Mateus 27:34 – Versão Católica: Bíblia Ave Maria)

Mais um texto: “Seja devastada a sua morada, não haja quem habite em suas tendas,” (Salmos 68:26 – Versão Católica: Bíblia Ave Maria). Cumprimento: “Pois está escrito no livro dos Salmos: Fique deserta a sua habitação, e não haja quem nela habite...” (Atos 1:20 – Versão Católica: Bíblia Ave Maria)

É claro como a água límpida que o salmista está se referindo a alguém que não seja ele, ou seja, o Senhor Jesus Cristo. Agora analisemos esse verso importantíssimo para o entendimento da questão:

“Tornei-me um estranho para meus irmãos, um desconhecido para os filhos de minha mãe.” (Salmos 68:9 – Versão Católica: Bíblia Ave Maria). Ora se o salmo está se referindo a Jesus, essa profecia deve ter se cumprido literalmente na vida e obra do Messias. Vejamos: “Com efeito, nem mesmo os seus irmãos acreditavam nele.” (João 7:5 – Versão Católica: Bíblia Ave Maria)

Uma citação profética dos irmãos do Senhor. Se Jesus fosse unigênito de Maria, a Bíblia registraria, mas, muito pelo contrário as Escrituras nos mostra que o Messias foi o PRIMOGÉNITO dela: 

“E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria.” (Lucas 2:7 – Versão Católica: Bíblia Ave Maria)

“...conforme o que está escrito na lei do Senhor: Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor.” (Lucas 2:23 – Versão Católica: Bíblia Ave Maria)

Notamos pelo texto que iniciei esse estudo que, a Bíblia menciona quatro irmãos e pelo menos duas irmãs, pois o texto sagrado, depois de mencionar o nome de seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas, diz: "Não estão entre nós suas irmãs?" NO PLURAL!

“Jesus falava ainda à multidão, quando veio sua mãe e seus irmãos e esperavam do lado de fora a ocasião de lhe falar. Disse-lhe alguém: Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te.” (Mateus 12:46-47 – Versão Católica: Bíblia Ave Maria)

“Todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus, e os irmãos dele.” (Atos 1:14 – Versão Católica: Bíblia Ave Maria)

“Dos outros apóstolos não vi mais nenhum, a não ser Tiago, irmão do Senhor.” (Gálatas 1:19 – Versão Católica: Bíblia Ave Maria)

Negar que esses textos se referem aos irmãos de Jesus, filhos de Maria de Nazaré, é negar diretamente todos os textos do salmo Messiânico que expus. A hermenêutica inclusiva do catolicismo – aquela que cria um conceito e depois busca introduzi-lo na Bíblia – tem esse grande problema. Ou se aceita a revelação como integralmente verdadeira, ou não. Daí vem a admoestação do Nosso Senhor Jesus:

“Jesus respondeu: Vede que não sejais enganados. Muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e ainda: O tempo está próximo. Não sigais após eles.” (Lucas 21:8 – Versão Católica: Bíblia Ave Maria) 


Rômulo Lima
(Acadêmico em Teologia e Apologética Aplicada)

4 comentários:

  1. 9. Mas o Profético Salmo 68 Afirma: “os filhos de sua mãe”!

    O Salmo 68 é um salmo profético, pois o versículo 10 é aplicado à Jesus pelos discípulos em Jo 2,17: “O zelo pela tua casa me consumiu”. Dessa forma, se o versículo 10 foi aplicado a Jesus, muitos sugerem que o versículo 9 também deve ser aplicado, pois está adjacente ao versículo 10. Vejamos o que diz o versículo 9:

    “Tornei-me um estranho para meus irmãos, um desconhecido para os filhos de minha mãe.”Observe: “para os filhos de minha mãe”! Daí muitos concluem que Maria teve outros filhos além de Jesus.

    O que dizer?Ocorre, porém, que dado um contexto que contenha um versículo profético, se é verdade que todos os versículos deste contexto sejam todos igualmente proféticos, então o versículo 6 deste Salmo também deveria ser profético e aplicado a Jesus, pois pertence ao mesmo contexto dos versículos 9 e 10. Mas o que diz o versículo 6 ?“Vós conheceis, ó Deus, a minha insipiência, e minhas faltas não vos são ocultas.” (Sl 68,6)No salmo 68, o sujeito dos versículos 9 e 10 é o mesmo sujeito do versículo 6. Se o versículo 9 deve ser aplicado a Jesus porque o versículo 10 foi, então o versículo 6 também teria que ser, pois pertencem ao mesmo contexto. Mas o versículo 6 é a confissão de um sujeito insipiente e pecador. Porém, o NT nos garante que Jesus jamais cometeu um pecado (Jo 8,46; Hb 4,15; 1Pd 2,22; Is 53,9; 1Jo 3,5). Logo, concluímos que se um versículo do At for aplicável a Jesus (ou a alguém ou a algum fato do NT) não significa que todo os versículos adjacentes a ele (ou todo o contexto onde ele está inserido), também sejam obrigatoriamente proféticos e igualmente aplicáveis. No caso citado, o versículo 10 é aplicado a Jesus, mas os versículos 6 e 9, não.

    Em acréscimo, observe o versículo 22 deste mesmo salmo. Ele também é profético e aplicado a Jesus (Mt 27,34; Jo 19,29). Igualmente os versículos 23, 24 e 26 são todos proféticos. Porém, enquanto o 23 e 24 são aplicado a Israel (Rm 11,9s), o versículo 26 é aplicado a Judas (At 1,20). Isto também comprova que os versículos são aplicados a sujeitos distintos sem qualquer vínculo com o contexto onde se encontra. E ainda, neste mesmo contexto, observe como os versículos 25, 28 e 29 destoam profundamente de Lc 23,34. Novamente observamos que não é porque alguns versículos são proféticos e aplicáveis ao NT que todos os versículos adjacentes o devem ser. Portanto, o versículo do Sl 68,9 não garante que Maria tenha tido outros filhos. Pois não teve

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  2. Embora no Grego exista realmente a palavra “primo”, os escritores do NT eram hebreus e falavam Hebraico e Aramaico e escrevendo os evangelhos seguiram a lógica da sua língua materna, pois no hebraico não temos a palavra “primo”, então “Irmão” e “irmã” são usados para designar primos e outros parentes.

    A palavra hebraica “há”, e a aramaica “aha”, são empregadas para designar irmãos e irmã do mesmo pai, e não da mesma mãe (Gn 37, 16; 42,15; 43,5; 12,8-14; 39-15), sobrinhos, primos, irmãos (1 Cr 23,21), primos segundos (Lv 10,4) e até parentes em geral (Jó 19,13-14; 42,11). Claro que o Novo testamento foi escrito no Grego e não no Hebraico ou Aramaico (com exceção de Mateus) e no grego temos a palavra primo que é ἀνεψιός que pode também ser traduzida como SOBRINHO. Contudo os autores do NT seguindo a lógica judaica usavam a palavra “irmão” (adelphos) para se referir aos primos, prova disso é que a palavra grega “primo” (ἀνεψιός) ocorre apenas 1 vez no Novo Testamento em:

    “Saúda-vos Aristarco, prisioneiro comigo, e Marcos, primo de Barnabé(sobre quem recebestes instruções; se ele for ter convosco, acolhei-o).”(Colossenses 4, 10)

    Só que em outras traduções vem da seguinte forma:

    “Aristarco, que está preso comigo, vos saúda, e Marcos, o sobrinho de Barnabé, acerca do qual já recebestes mandamentos; se ele for ter convosco, recebei-o;” (Colossenses 4, 10)

    Ora, não existiu nenhum primo no Novo testamento a ponto da palavra grega correspondente a “primo” ser utilizada somente uma vez, podendo também significar “sobrinho”?

    Logo fica claro que nenhum autor do Novo Testamento usou a palavra grega ἀνεψιός (primo) para se referir aos primos de Jesus, e sim seguindo a lógica do próprio hebraico usaram a palavra “adelphos” (irmão) para designar os seus primos, doutra forma seria colocar a bíblia de cabeça para baixo como fazem os protestantes com sua Tiagomania.

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  3. original do Evangelho de São Lucas, redigido em grego, dá a ler em 1,36: “Elisabet he suggenís sou”, o que significa propriamente: “Isabel, a tua parenta/consanguínea/familiar”. Retrocedendo, pois, ao original do texto analisado, não encontramos o vocábulo que causa o problema: “prima”. Assim, se mostra inconsistente a objeção proposta.

    A título de ilustração, seja acrescentado o seguinte: pesquisando a literatura antiga, verifica-se que Taciano, autor que no séc. II traduziu os Santos Evangelhos do grego para o sírio (língua muito próxima ao hebraico e ao aramaico bíblicos), empregou em Lucas 1,36 o termo “atach”, “tua irmã”. Não há, porém, quem insista em afirmar que Maria e Isabel eram irmãs no sentido estrito; ao contrário, os exegetas de autoridade ou se negam a precisar o grau de parentesco que unia Maria a Isabel, ou julgam que esta era tia daquela (pois Isabel, por sua adiantada idade, já era estéril, quando Maria em idade juvenil recebia o anúncio do anjo; cf. Lucas 1,36).

    No caso, portanto, os vocábulos “suggenís”, em grego, “atach” em linguagem semita, dizem apenas afinidade entre Maria e Isabel; nem se poderia afirmar com segurança que ambas pertenciam à mesma tribo, pois Isabel era certamente da tribo de Levi (cf. Lucas 1,5), ao passo que Maria descendia provavelmente da linhagem de Judá e Davi, como São José (neste caso, Isabel e Maria seriam parentas em virtude de um matrimônio realizado outrora entre um varão da tribo de Levi e uma mulher da tribo de Judá; era licito, sim, aos sacerdotes ou levitas, tomar esposa em outra tribo que não a de Levi).

    Em consequência do acima dito, vê-se que inadequada é a tradução portuguesa que dá ao termo “suggenís” de Lucas 1,36 o sentido [estrito] de “prima”; melhor é dizer: “Isabel, tua parenta

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  4. original do Evangelho de São Lucas, redigido em grego, dá a ler em 1,36: “Elisabet he suggenís sou”, o que significa propriamente: “Isabel, a tua parenta/consanguínea/familiar”. Retrocedendo, pois, ao original do texto analisado, não encontramos o vocábulo que causa o problema: “prima”. Assim, se mostra inconsistente a objeção proposta.

    A título de ilustração, seja acrescentado o seguinte: pesquisando a literatura antiga, verifica-se que Taciano, autor que no séc. II traduziu os Santos Evangelhos do grego para o sírio (língua muito próxima ao hebraico e ao aramaico bíblicos), empregou em Lucas 1,36 o termo “atach”, “tua irmã”. Não há, porém, quem insista em afirmar que Maria e Isabel eram irmãs no sentido estrito; ao contrário, os exegetas de autoridade ou se negam a precisar o grau de parentesco que unia Maria a Isabel, ou julgam que esta era tia daquela (pois Isabel, por sua adiantada idade, já era estéril, quando Maria em idade juvenil recebia o anúncio do anjo; cf. Lucas 1,36).

    No caso, portanto, os vocábulos “suggenís”, em grego, “atach” em linguagem semita, dizem apenas afinidade entre Maria e Isabel; nem se poderia afirmar com segurança que ambas pertenciam à mesma tribo, pois Isabel era certamente da tribo de Levi (cf. Lucas 1,5), ao passo que Maria descendia provavelmente da linhagem de Judá e Davi, como São José (neste caso, Isabel e Maria seriam parentas em virtude de um matrimônio realizado outrora entre um varão da tribo de Levi e uma mulher da tribo de Judá; era licito, sim, aos sacerdotes ou levitas, tomar esposa em outra tribo que não a de Levi).

    Em consequência do acima dito, vê-se que inadequada é a tradução portuguesa que dá ao termo “suggenís” de Lucas 1,36 o sentido [estrito] de “prima”; melhor é dizer: “Isabel, tua parenta

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