quinta-feira, 23 de abril de 2020

JORGE DA CAPADÓCIA: UM VERDADEIRO CRISTÃO



Não terás outros deuses diante de mim.” (Êxodo 20:3)

Esse pequeno verso bíblico, resume toda crença do fiel soldado romano Jorge. Filho de pais crentes, da nobre família de Anice, Jorge foi educado com primor dentro da cosmovisão do cristianismo dos primeiros séculos. Um cristianismo genuíno. Despido da mitologia e do fetichismo que vemos hoje. Um fiel e verdadeiro cristão.

Segundo o autor Edward Clapton, Jorge nasceu na região central da Anatólia, conhecida como Capadócia, Depois da morte de seu pai, ele mudou-se com sua mãe para Lida (região da Palestina), cidade de origem de sua genetriz. Na adolescência, Jorge ingressou no exército romano, e, devido sua competência ele logo ascendeu na profissão, galgando cargos de capitão, tribuno e chegando a ser conde, integrando à própria guarda pessoal do então imperador Diocleciano.

O Império Romano vivia tempos de grande perseguição contra o cristianismo, pelo fato dos cristãos não praticarem a imperiolatria (culto ao imperador) e a religião da Roma pagã. Isso fez com que Diocleciano, instigado por súditos, promulgasse diversas medidas persecutórias, removendo cristãos de cargos públicos, destruindo congregações, e, até mesmo obrigando-os a entregar Escritos Sagrados às autoridades para serem queimados.

Jorge, com imensa coragem, foi à frente do imperador, e na presença de diversos súditos da corte, assumiu ser cristão, deixando então Diocleciano perplexo, pelo fato de ver um dos seus melhores subordinados, fiel à religião que tanto detestava. Persuadiu Jorge com riquezas, territórios e servos, mas, o valoroso soldado não abdicou de sua fé por coisas transitórias. O imperador então resolve submetê-lo a castigos e torturas, esperando que Jorge renegasse suas crenças, mas o mesmo era cada vez mais intrépido sabedor de que glória maior o aguardava. Foi degolado depois de incontáveis sofrimentos.

Vemos que Jorge conhecia muito bem a argumentação de Cristo Jesus quando o Senhor disse ao Tentador:

Então lhe disse Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.” (Mateus 4:10)

Diante desse pequeno texto, analisemos: Porventura, Jorge compactuaria com um determinado culto, veneração (de inclinação religiosa), sincretismo e demais procedimentos que sua imagem, hoje, está relacionada? Os mitos e lendas, que desde a Idade Média, foram criados com sua persona: a princesa e o dragão; armas mágicas, fazer morada na Lua e outros? Com toda certeza, não! Jorge é um exemplo a ser seguido, e não um ser a ser cultuado. O bravo soldado morreu justamente por não concordar com os procedimentos de religiões erradas e de crenças populares que pervertessem os valores do autêntico cristianismo. Foi um mártir porque, diante de alguém que desejava ser cultuado, não o fez. Negou todo um sistema temporal, declarando-se servo de um único Senhor, Jesus Cristo:

E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para que conheçamos ao Verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.” (1 João 5:20)


Rômulo Lima


quinta-feira, 2 de abril de 2020

O COVID-19 É O FIM DOS TEMPOS?


Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares.” (Mateus 24:7)

Tenho visto muitas pessoas, erroneamente, usar esse texto devido ao termo "peste" ser descrito como um mal que se espalhará por vários lugares, para propagar a ideia de que o quadro pandêmico de Covid-19, que estamos passando, é o princípio do “apocalipse”. Um equívoco! O brasileiro, infelizmente, tende a não analisar muito as coisas que lhe são passadas, apenas propaga o que acha ser verdadeiro, sem fazer uma observação devida. Isso é um resultado da nossa cultura educacional aos moldes de Paulo Freire, que há anos faz um desserviço ao país (não me alongarei nessa questão), apenas expus onde o erro começou.

Mas vamos falar do texto... Uma das ciências que auxilia a Teologia é a hermenêutica. Esse nome diferente nada mais é do que o estudo da interpretação. Ele deriva do deus grego Hermes, que na mitologia grega era o mensageiro do Olimpo. O responsável por entregar e interpretar as mensagens das divindades.

Quando nós explicamos um texto bíblico, não devemos aplicar situações externas para trazer a luz o que queremos, mas sim ao contrário. Devemos chegar ao escrito despido de ideias, para com isso, resgatarmos o sentido mais próximo possível que o autor quis expressar. E, uma lei fundamental é: nunca despreze o contexto. Se analisarmos o contexto anterior (o texto que vem antes do verso em estudo) vemos que a questão torna-se autoexplicativa: 

E ouvireis falar de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim.” (Mateus 24:6)

Vejamos... Jesus em seu sermão diz que o espectador ouvirá falar de conflitos e boatos (rumores) de conflitos. Porém, ele alerta: “olhai!”. Isso aqui é um termo imperativo que discrimina prudência. Parafraseando: “prestem atenção!”. Em seguida vem outra ordem em forma de conselho: “não vos assusteis”, ou seja, não fiquem desesperados, aflitos. É “mister” (necessário) que as coisas por ele proferidas no sermão aconteça, mas não será o fim dos tempos. Como a linguagem leiga costuma dizer: não é o “apocalipse”.

Embora o termo "peste" não apareça em Mateus 24:6, o texto deixa claro que, a exortação "não vos assusteis", aplica-se a ele também. Para basilar o que estou dizendo, temos o auxílio do verso a frente (contexto posterior). O Senhor Jesus diz:

Mas todas estas coisas são o princípio de dores.” (Mateus 24:8)

Tudo que está acontecendo é apenas o começo da situação. Não o fim. E por que não é o fim? Novamente no contexto posterior veremos quando o fim dos tempos irá suceder-se. Há a necessidade de que o Evangelho do Reino seja pregado a todas as nações. Por mais que, aqui no ocidente, achemos, equivocadamente, que todos conhecem o cristianismo (o autêntico cristianismo/ cristianismo bíblico), no oriente, principalmente na China – maior país ateu do mundo – isso não está nem perto:

E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim. (Mateus 24:14)

Usar o versículo de Mateus 24:7 para disseminar o final dos tempos é uma falta de conhecimento. Um erro que, apenas aplica a situação atual ao texto, fazendo com isso uma interpretação inclusiva. Certamente um procedimento que deve ser desprezado. Muitas religiões (até as que se autodenominam cristãs) vêm tentando predizer os tempos do fim, e a vinda de Jesus, contudo, o próprio dá uma recomendação para atentarmos que isso não seja feito:

Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor. (Mateus 24:42).


Rômulo Lima