sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

A PALAVRA TEM PODER?


 A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto.” (Provérbios 18:21)

Nos tempos da confissão positiva, há muitos pregadores por aí apregoando poderes místicos, sobrenaturais e sobre-humanos a palavras proferidas por cristãos - ou até mesmo por pessoas não cristãs. Usam a passagem do livro de Provérbios para sustentar suas teorias, e ainda ensinam tal, levando assim multidões ao erro.


Sempre quando tratamos de interpretar um texto (principalmente Bíblico), as ferramentas de hermenêuticas (ciência da interpretação) são importantíssimas. Devemos atentar para o seu contexto direto (versos anteriores ou posteriores); e, para o contexto remoto (textos em outros livros Bíblicos).

O sentido místico aplicado à palavra proferida por alguém é erradíssimo. Encontramos tal ensinamento em religiões de mistério provindas da Nova Era. O que o texto de Salomão, na verdade, quer dizer é uma advertência àqueles que falam demais. Podemos ver isso no verso anterior que lança uma luz sobre o texto em estudo:

"Do fruto da boca de cada um se fartará o seu ventre; dos renovos dos seus lábios ficará satisfeito." (Provérbios 18:20)

Isso faz com que o "falador" obtenha cautela e sobriedade. A locução "se fartará" pode ser entendida como "se sacia", "se saciará" no sentido, bom ou ruim, depende do cuidado que se toma, e do que se fala. Por isso as palavras do Senhor Jesus:

"Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca." (Mateus 12:34)

"Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem." (Mateus 15:18)

"O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca." (Lucas 6:45)

Isso é confirmado com o ensino apostólico: "Se alguém entre vós cuida ser religioso, e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a religião desse é vã." (Tiago 1:26)

Nos tempos Bíblicos (tanto na era salomônica quanto nos dias do Novo Testamento) a palavra, a fala, a promessa etc., possuíam um alto grau de dignidade e sentimentos onde se percebia o caráter do locutor. Paulo certa feita delatou:

"Ó coríntios, a nossa boca está aberta para vós, o nosso coração está dilatado." (2 Coríntios 6:11)

Notamos que na atitude do Apóstolo em expor  palavras aos coríntios há uma associação com o amor e a sinceridade (sentimentos) que são influencias internas de quem profere. Parafraseando um entendimento salutar do verso seria que “o homem precisa responder por aquilo que declara, e sofrer as consequências das suas palavras”. Não o sentido de que há poder místico nas palavras de qualquer ser humano.


Rômulo Lima
(Acadêmico em Teologia e Apologética Aplicada)


quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

A MORAL CALA OS ATEÍSTAS


Frank Turek certa feita mencionou que, em um seminário na University of North Carolina Wilmington (Faculdade Wilmington da Carolina do Norte), entrevistou vários ateus para anexar como fonte em seu livro “Não Tenho Fé Suficiente Para Ser Ateu” (de coautoria com Norman Geisler), sobre a questão da moralidade. Pediu alguns exemplos e bases objetivas para a moral dentro da cosmovisão ateísta. O escritor relata que os presentes lutaram muito em seus argumentos para oferecer determinado apoio prático para a moral dentro das suas visões de mundo. 

Respondiam perguntas tais: “como sabemos que algo é moral ou não moral, ou por que algo é moral?” Um ateu disse que "não prejudicar as pessoas" é algo moral. Então restou a pergunta: “Mas por que não prejudicar as pessoas?” E, “se prejudicar as pessoas aumentar a sua sobrevivência e/ou a da maioria?” Outro disse que "felicidade" é a base para a moralidade. O autor ainda indaga: "Felicidade de quem, Madre Teresa ou Hitler?", O indagado finaliza: "eu preciso pensar mais sobre isso".

Determinados ateus, como Richard Dawkins e Christopher Hitchens, instam que a moral é simplesmente o produto da evolução. As sensibilidades morais do mundo (não matar, estuprar, roubar, etc.) ajudam a garantir a nossa sobrevivência evolutiva. Existem vários problemas com esta visão:

1)      A violação sexual pode aumentar a sobrevivência das espécies, mas isso faz com que o estupro seja bom? Devemos estuprar?  

2)      Matar os fracos e deficientes pode ajudar a melhorar as espécies e sua sobrevivência (plano do socialismo nazista de Hitler). Isso significa que o Holocausto foi bom?

 

3)      Se a evolução é a fonte da moral, então o que impede que a moral evolua ao ponto de que um dia o estupro, roubo e assassinato sejam considerados morais?

 

4)      Dawkins e Hitchens confundem a epistemologia com a ontologia (como sabemos que existe algo e por que algo existe). Então, mesmo que a seleção natural ou algum outro processo químico seja responsável por nós, sabendo do mal, isso não explicaria por que algo está certo ou errado. Como um processo químico (seleção natural) produz uma lei moral imaterial?

 

5)      E por que alguém tem uma obrigação moral de obedecer a um processo químico? Alguém possui obrigação moral para com processos químicos?

 Ficamos com a grande questão: “Se não existir um Deus para determinar um padrão moral objetivo e absoluto, como saberemos que moral e leis criadas por determinada cultura é correta?” Isso pode ser apenas uma convenção empregada por certas sociedades para impor tal norma sobre a população. 

Vemos que o ateísmo desembocará facilmente num relativismo, que por sua vez levará ao subjetivismo. Se um padrão moral absoluto não for existente, quaisquer outros padrões devem ser aceitos, pois não posso provar se o certo e o errado realmente o são.

 

Rômulo Lima