“Não julgueis, para que não sejais julgados.
Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e,
com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também.”
(Mateus 7:1,2)
O
evangelismo moderno, principalmente os televisivos, possui uma visão muito
superficial das Escrituras. Em prol de traçar uma apologia para suas práticas excêntricas
e muitas vezes heréticas, promovem entre seus fieis jargões de autodefesa e
pretensa humildade, tentando revesti-la com a caridade cristã, tais como: “não jugueis!”; “só Deus pode me julgar!”; “você
não tem o Espírito!”; “eis o dedo
acusador!” dentre outros ditos. Mas será que isso procede com o Evangelho
pregado pelo Senhor Jesus Cristo e seus apóstolos? É o que demostrarei nesse
artigo.
Irei
trazer à tona a interpretação correta da passagem supracitada, pois a intenção
do Senhor Jesus não era abolir o julgamento. A Bíblia nos mostra por diversas vezes o
Senhor julgando os erros de religiosos que buscavam se estribar na aparência e
na piedade. Muito similar aos evangelistas modernos e seus seguidores:
“E, quando orardes, não sereis como os
hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças,
para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a
recompensa.” (Mateus 6:5)
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas,
porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o
tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós!” (Mateus 23:15)
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas,
porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado
os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé;
devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!” (Mateus 23:23)
Bem...
O que vemos é Jesus sendo enfático em censurar as obras dos fariseus e dos
escribas que eram permeadas pela “religiosidade”,
mas, apenas superficialmente, causando reprovação dessas pessoas e, daqueles
que eram convertidos por elas (o prosélito - Mateus 23:15). Diante de Deus, estes ao invés de serem
chamados de herdeiros do Reino, são
considerados como filhos do inferno. Que
mensagem triste! Os convertidos pelos hipócritas que buscam em tais o exemplo
de religiosidade e fé, são considerados filhos do inferno! Pior do que os
falsos religiosos!
O que
Jesus quis dizer com o “não julgueis” é
que o cristão deve evitar o juízo temerário, infundado e não sustentado pela
Escritura. No verso 15 do mesmo capítulo da passagem em estudo é dito:
“Acautelai-vos dos
falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro
são lobos roubadores.” (Mateus 7:15).
Eis a
pergunta: como se acautelar dos falsos profetas sem emitir um julgamento sobre
o que e falso e o que é verdadeiro? Isso também é ensinado na Bíblia.
Um verdadeiro apóstolo de Cristo, Paulo, não se importava em ter sua pregação julgada diante da Bíblia. Ao contrário dos evangelistas modernos, o apóstolo via com bons olhos as pessoas que assim procediam. Lucas registrou um exemplo positivo no livro de Atos onde os crentes de Bereia foram considerados nobres, pois examinavam, diariamente, pelas Escrituras o que Paulo vos transmitia:
“Ora, estes de Bereia eram mais nobres que os
de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as
Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim.” (Atos 17:11)
Em
seu ministério, Jesus, deixa claramente especificado que o julgamento deve ser
realizado da seguinte forma: “Não
julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça.” (João 7:24). E era isso o
que os bereanos estavam perpetrando: o julgamento segundo a reta justiça, a
saber, o crivo Bíblico.
Paulo
também não hesitou em corrigir a pretensa religiosidade de Pedro quando este
foi visitar a igreja de Antioquia. Pedro, na presença dos crentes gentios,
estava vivendo longe das práticas judaicas, porém, quando os emissários de
Tiago, vindos de Jerusalém, chegaram à igreja, aquele se apartou dos gentios, e
passou a pregar práticas legalistas. Veja o que é narrado em Gálatas:
“Quando, porém, vi que não procediam
corretamente segundo a verdade do evangelho, disse a Céfas (Pedro – grifo meu),
na presença de todos: se, sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu,
por que obrigas os gentios a viverem como judeus?” (Gálatas 2:14)
Pedro
também não guardou rancores; não odiou; não disse que Paulo não possui o
Espírito; não o chamou de dedo acusador ou outros jargões modernos, mas citou-o,
juntamente com suas epístolas, como exemplos de assuntos sobre a salvação:
“...e tende por salvação a
longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos
escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca
destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas...’ (2
Pedro 3:15-16a)
Queridos(as)... Os pregadores que dizem não
poder ser julgados contrariam a Bíblia para sustentar suas práticas espúrias
como pregações de prosperidades e ofertas sem fim; heresias e criações
fetichistas; interpretações erradas de textos Bíblicos, dentre outras. E, com
isso, querem criar um rebanho de cegos que não se levantam contra os tais em
defesa da Verdade. Essas pessoas devem ser denunciadas abertamente como o
ensinamento paulino ao seu amado discípulo Timóteo:
“Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os
na presença de todos, para que também os demais temam.” (1 Timóteo 5:20)
Em Cristo!
Rômulo Lima